Após seis recuos, dólar volta a subir, com possibilidade de ataque à Síria
-são paulo- Com valorização de mais de 8% no mês e após quatro pregões seguidos de alta, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), encerrou o dia de ontem em queda de 0,50%, aos 53.979 pontos — na contramão das bolsas americanas. O índice, que chegou a subiu com a divulgação de dados da China, foi influenciado pela queda das ações do Grupo EBX e virou o sentido. Já o dólar abriu os negócios em queda frente ao real, mas inverteu a tendência e se valorizou, com as declarações do secretário de Estado americano, John Kerry, de que não há outra escolha a não ser agir contra o governo de Bashar al-Assad. A declaração se sobrepõe à informação de que a
Síria aceitou a proposta da Rússia de deixar o estoque de armas químicas sob controle internacional, evitando uma intervenção militar. A divisa encerrou uma seqüência de seis baixas e fechou em alta de 0,17%, negociada a R$ 2,282.
Divulgados ontem, dois indicadores da China referentes a agosto evidenciam a recuperação do país: a produção industrial cresceu 10,4% em relação a igual período de 2012, no ritmo mais rápido em 17 meses, e o financiamento agregado (medida ampla de concessão de crédito) foi de 1,57 trilhão de yuans (US$ 257 bilhões), quado o dobro do registrado em julho e bem acima das previsões de 950 bilhões de yuans.
Os dados puxaram a Vale PNA, que ganhou 1,84%. Outros papéis de destaque do Ibovespa também subiram: Petrobras PN avançou 0,93%; Itaú Unibanco PN, 0,71%; e Bradesco PN, 1,22%, Mas o noticiário internacional não foi suficiente para
sustentar a Bovespa, que inverteu a tendência à tarde.
— Houve uma correção técnica depois de o Ibovespa subir mais de 8% este mês — avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora.
Nos EUA, os principais índices fecharam em alta. O S&P 500 se valorizou 0,73%; o Dow Jones teve ganho de 0,85% e o Nasdaq avançou 0,62%
S&P QUER NOVA POLÍTICA FISCAL
O Banco Central deu continuidade ao programa de atuações diárias com a oferta de 10 mil contratos de swap cambial tradicional — equivalente à venda de US$ 496,9 milhões no mercado futuro — com vencimento em fevereiro de 2014.
Mas, com a divisa abaixo de R$ 2,30, investidores, sobretudo estrangeiros, aproveitaram para comprar. O Santander divulgou relatório avaliando que o dólar abaixo de R$ 2,30 seria considerado barato. O banco revisou a projeção da cotação
do fim de 2014 para R$ 2,55 e manteve a de R$ 2,30 para o fim de 2013.
— O dólar criou uma barreira psicológica em R$ 2,28 — diz Felipe Pellegrini, gerente de câmbio do banco Confidence.
O Brasil pode evitar o rebaixamento de sua nota pela Standard & Poor"s se criar uma política fiscal que controle os níveis de endividamento e atraia mais investimentos, segundo Regina Nunes, chefe local da agência, informou a Blo-omberg News. O rating BBB do Brasil, o segundo mais baixo na área de grau de investimento, recebeu viés de baixa em junho, após a dívida bruta do país subir para 60% do PIB. Em evento em Florianópolis, Regina disse qué o crescimento econômico cairá se o governo não atrair investimentos privados que o ajudem a pagar os projetos de infraestrutura em ferrovia, porto e estradas, avaliados em R$ 250 bilhões. Os leilões começam este mês.