Depois de cair 4,66% em quatro dias, o dólar teve um breve ajuste de alta ontem. Mas nada muito exagerado. O dólar comercial subiu 0,15%, para R$ 1,986. No mercado futuro, as compras subiram no fim do pregão, e o contrato para junho ganhou 0,45%, a R$ 1,9935.
Segundo o vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB, Ures Folchini, como o governo mostrou-se sensibilizado com o dólar acima dos R$ 2, a posição comprada em dólar deixa de ser interessante.
"Se o humor piorar, o Banco Central (BC) vai seguir fazendo intervenções. O mercado tem uma limitação para a alta do dólar", acredita Folchini.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do WestLB, aponta que o BC parece confortável com o dólar ao redor dos R$ 2. Para o estrategista, a nova banda de oscilação seria de R$ 1,95 a R$ 2,05. Acima, o BC venderia dólar, abaixo, retomaria as compras.
Ainda de acordo com Folchini, o mercado sempre olha as notícias de curto prazo. E no caso do câmbio, a forte e rápida valorização do dólar veio acompanhada de uma onda de pessimismo com relação ao país.
A valorização do dólar por aqui foi menor do que em outras praças e parte disso pode ser atribuída à divulgação de notícias dando conta de que o governo estaria disposto a rever as medidas de restrição ao capital externo.
"Na dúvida, não vale a pena fazer posição comprada em dólar", conclui Folchini.
E medidas para reverter não faltam, como: Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre captações externas inferiores a cinco anos; IOF sobre ampliação de posição vendida em derivativos e também no ingresso de renda fixa; IOF de 6% sobre depósito de margem; compulsório sobre posição vendida dos bancos no mercado à vista acima de US$ 1 bilhão; e pré-pagamento de exportação limitado a 360 dias.
Nos juros, as taxas fecharam em queda. A maior parte dos agentes aposta em corte da Selic de 0,5 ponto percentual. Mas o cenário externo e local de dúvidas abriu espaço para arbitragens entre aqueles que estão fora do consenso - projetando redução de 0,25 ponto ou de 0,75 ponto. Esse fator técnico sustentou um giro em linha com a média diária mensal, de R$ 110 bilhões.