A Bovespa conseguiu marcar o segundo dia de alta nesta semana, acompanhando a melhora dos mercados internacionais, mesmo após a terceira revisão do PIB americano no primeiro trimestre ter vindo abaixo da expectativa dos economistas. Os principais papéis do Ibovespa registraram ganhos, com exceção de Vale, que sentiu tanto a queda do dólar como o recuo do preço do minério de ferro.
A agenda fraca de indicadores e a proximidade do fim do primeiro semestre colaboram para que os gestores de fundos de investimento tentem "embelezar" o desempenho de suas carteiras nesses últimos pregões de junho, ou ao menos disfarçar os prejuízos após um mês difícil para os mercados.
"Estamos passando por um ajuste técnico depois das pesadas perdas da semana passada por causa da decisão do Fed [Federal Reserve, o banco central americano]
. Como a agenda está fraca, há espaço para alguma recuperação nesses últimos dias do mês", afirma o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi.
O principal dado de ontem foi a terceira revisão do PIB americano, que mostrou expansão de 1,8% no primeiro trimestre, abaixo da estimativa dos economistas, de crescimento de 2,4%. O número mais fraco serviu como desculpa para os investidores acreditarem que o Fed poderá esperar um pouco mais antes de iniciar a redução nas recompras de títulos. Na semana passada, a autoridade monetária americana sinalizou que poderá reduzir os estímulos à economia ainda neste ano.
O Ibovespa fechou em alta de 0,59%, para 47.171 pontos, com volume de R$ 6,865 bilhões. Mesmo com as altas de terça-feira e ontem, a bolsa brasileira ganha apenas 0,24% nesta semana. No mês, o estrago é de 11,84%, e no segundo trimestre o recuo chega a 16,29%. No primeiro semestre, a bolsa recuou 22,61% até ontem, no pior desempenho desde o segundo semestre de 2008, quando estourou a crise financeira mundial e a Bovespa mergulhou 43%.
Entre as ações de maior peso no índice, Vale PNA caiu 2,72%, para R$ 26,75; Petrobras PN subiu 0,93%, a R$ 16,15; e OGX ON ganhou 12,04%, para R$ 0,93.
Segundo Galdi, a mineradora sentiu a queda de mais de 1% do dólar, que fechou valendo R$ 2,189, e também o recuo no preço do minério de ferro, que ontem foi cotado a US$ 113,80 por tonelada no mercado chinês, no quarto dia seguido de baixa da commodity, após atingir US$ 120,60 na quinta-feira passada, quando bateu o pico de preço dos últimos 30 dias.
Na terça-feira, o Credit Suisse reduziu sua previsão de preço do minério no segundo semestre para US$ 103 por tonelada, e em 2014 para US$ 95, com base em previsões de oferta e demanda. Vale ON (-3,23%), papel preferido dos estrangeiros, ficou entre as três maiores baixas do Ibovespa.
Suzano PNA (-4,26%) liderou as perdas do dia, seguida de Eletropaulo PN (-4,08%). As ações da Suzano, e também de Fibria ON (-2,74%), vinham subindo, na contramão do mercado, de carona no avanço do dólar. Com a mudança de sinal da moeda americana, agora as exportadoras de celulose devolvem os ganhos recentes.
Na ponta positiva da bolsa, LLX ON ganhou 25%, para R$ 1,25. Na terça à noite, a LLX informou que contratou assessores financeiros para avaliar "eventuais oportunidades de negócios e operações societárias". O anúncio ocorreu um dia após a MMX (1,21%) divulgar comunicado semelhante. Conforme informou o Valor na segunda-feira, a suíça Glencore Xstrata é apontada como favorita para levar a mineradora de Eike Batista.