Pela terceira sessão seguida na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) cresceram as apostar no aumento de 0,50 ponto percentual para a taxa básica de juros no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem. Esse movimento, iniciado na quinta-feira, após Alexandre Tombini afirmar que "está vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no segundo semestre", pode se consolidar hoje.
O presidente do BC fala às 15h na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, na Câmara dos Deputados. Segundo operadores, a uma semana do Copom, esse evento pode consolidar as apostas na trajetória de alta firme dos juros.
Ontem, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de vencimento em julho de 2013 subiu a 7,530% de 7,508% na sexta-feira. Na mesma comparação, o DI de janeiro de 2014 avançou a 8,12% de 8,08%.
Desde que Tombini optou pelas expressões tempestividade e vigilante em detrimento do termo cautela, na quinta-feira, não apenas as taxas subiram na BM&F como aumentou também o volume de contratos de prazos até janeiro de 2014 - que melhor representam as apostas do mercado no atual ciclo de aperto monetário. Essas posições ganharam 930 mil contratos.
Simultaneamente, a taxa real de juros, medida pela diferença entre o contrato de swap de 360 dias e a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses, atingiu 2,47% sexta-feira, ante 2,35% de segunda-feira passada.
O reposicionamento chegou às áreas de economia dos bancos. Ontem, o Itaú Unibanco revisou a trajetória da taxa Selic, passando agora a contemplar ajuste de 0,5 ponto percentual no próximo Copom, ante 0,25 ponto. de aumento na estimativa anterior. A expectativa do banco para o orçamento total passou de 1 ponto para 1,5 ponto percentual, o que significa Selic de 8,75% no fim do ciclo de aperto monetário. "O impacto da redução de impostos e a queda temporária nos preços dos alimentos, de fato, reduziram a inflação, mas de forma menos acentuada do que o previsto", aponta relatório o banco.
Operadores apontam que ainda há uma parte do mercado que não se mexeu desde a quinta-feira, podendo aderir aos ajustes na BM&F para projetar um ciclo de aperto monetário mais intenso. Essa tese teve respaldo no boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, que mostrou estabilidade nas projeções para o IPCA e para a Selic em 2013, em 5,80% e 8,25% respectivamente.
O dólar teve um dia travado, de fluxos equilibrados, e depois de pequenas altas e baixas, a moeda encerrou a segunda-feira com ganho de 0,10%, a R$ 2,040. Foi o quinto pregão consecutivo de valorização ante o real. Pela primeira vez em semanas, a moeda fechou na contramão do mercado externo. Lá fora, a moeda americana caiu em relação à maioria de seus principais pares, incluindo países exportadores como o Brasil.
"O mercado não mexeu muito, os fluxos ficaram muito equilibrados", disse Diego Donadio, estrategista-chefe do Banco BNP Paribas.
O BC continuou fora do mercado, mesmo com a moeda mais uma vez fechando acima de R$ 2,028, patamar que deflagrou a última intervenção da autarquia no câmbio, em 27 de março.
Um dos fatores que paralisaram o câmbio foi a expectativa do mercado em relação ao discurso do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, amanhã, quando pode sinalizar se a instituição vai ou não antecipar o início do processo de normalização monetária nos Estados Unidos.
"Tanto aqui como lá, o mercado está esperando a ata do Fed e a fala do Bernanke", disse o operador de câmbio de uma corretora em São Paulo. "Depois disso, aí sim o mercado vai se mexer. Até lá, vai ficar mais travado."