Economia mais fraca, inflação mais alta e o resultado do Bradesco, que abriu a safra de balanços de 2012 do setor bancário. Essa combinação levou o índice Ibovespa a perder um forte suporte no pregão de ontem.
Depois de cair abaixo dos 61 mil pontos, por volta do meio-dia, o principal índice da Bovespa desceu ainda mais, para encerrar se equilibrando perigosamente sobre um outro suporte, o dos 60 mil pontos. O Ibovespa, que chegou a recuar para o patamar dos 59 mil pontos, terminou aos 60.027 pontos, em queda de 1,87%. A perda de ontem fez com que o índice passasse a acumular queda no ano, de 1,51%. Esse foi o menor nível desde 17 de dezembro, quando o Ibovespa encerrou em 59.566 pontos.
Aos investidores, não agradou, no balanço do Bradesco, especialmente os números da provisão para devedores duvidosos, que teve aumento de 20,6% no quarto trimestre, em relação a igual período de 2011. As ações PN do Bradesco caíram 3,07%, para R$ 36,59, e puxaram os papéis dos demais bancos. Itaú PN caiu 2,63%, para R$ 34,80; e Banco do Brasil ON recuou 2,72%, para R$ 24,71. Santander Unit recuou 0,61%, para R$ 14,55.
Em relatório, os analistas Gustavo Schroden e Mateus Renault, da Espírito Santo Equity Research, mantiveram sua recomendação "neutra" para as ações do Bradesco, com preço-alvo de R$ 42,00. "Um lucro mais fraco do que o esperado e provisões para devedores duvidosos mais altas que o projetado explicam a maior parte da surpresa negativa com o resultado", diz o relatório.
Outros números desfavoráveis para a bolsa no dia saíram antes mesmo da abertura do pregão. A estimativa do mercado para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano teve nova queda, segundo o boletim Focus. De acordo com o levantamento semanal, a estimativa caiu de 3,19% para 3,10%. Já a projeção para inflação em 2013 (medida pelo IPCA) teve leve alta, de 5,65% para 5,67%.
"As condições econômicas pioraram aqui", diz Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos. "Contra fatos, não há argumentos", afirma. Ele diz acreditar que a Bovespa seguirá travada no primeiro trimestre, à espera de números de 2012 que ainda não foram divulgados.
Segundo o analista Raphael Figueredo, da Icap Brasil, se a bolsa romper a linha dos 60 mil pontos, o próximo suporte do Ibovespa está apenas nos 59 mil pontos. "A perda de suportes começou no pregão anterior, com as ações de empresas que vendem commodities. Hoje [ontem] essa movimentação continuou, mas ganhou o peso dos bancos."
Figueredo diz acreditar que o Ibovespa irá "assentar" um pouco no nível atual, depois da forte correção recente. "Esta semana será interpretada em detalhes", diz. "Ainda mais porque começa para valer a safra de balanços locais."
À lista de motivos para a queda de segunda-feira, operadores acrescentam mais um item: faltam duas semanas para o vencimento de Ibovespa futuro, que acontece em 13 de fevereiro. Os estrangeiros, que compraram Ibovespa no começo do ano, também montaram posições vendidas no futuro. No fechamento de quinta-feira, os estrangeiros estavam vendidos em quase 60 mil contratos.