O Banco Central foi fundamental para resgatar o dólar do terreno negativo ontem. Com o fluxo cambial positivo no mercado local desde o começo do dia, a autoridade monetária pode ter comprado um volume considerável de moeda no leilão à vista feito na última hora de negócios. O firme giro financeiro à vista confirmou essa possibilidade. Além disso, o BC aceitou pagar taxa de corte (de R$ 1,8775) mais alta do que o preço de mercado da divisa norte-americana naquele mo-mento. Desse modo, o dólar no balcão reduziu a queda de 0,27%, a R$ 1,8760 antes do leilão, para -0,11%, a R$ 1,8790 logo depois. Mais do que isso, a moeda fechou na máxima do dia e em alta de 0,11%, a R$ 1,8830. O resultado positivo, pelo segundo pregão seguido, elevou a valorização do dólar ante o real em abril para 3,07% e, no ano, para 0,75%. O giro total à vista registrado pelo Banco Cen-tral somou US$ 3,710 bilhões, valor 154% superior ao da véspera.
Antes de passar para o lado positivo no fim da sessão, a moeda norte-americana à vista oscilou em baixa desde a abertura, alinhada à discreta des-valorização do dólar no mercado internacional. O movimento de baixa inicial também refletiu o flu-xo cambial positivo para o País, possivelmente de investidores estrangeiros que estão participando dos IPOs do BTG Pactual (cerca de R$ 4,1 bilhões ou US$ 2,2 bilhões) e da Unicasa Móveis (R$ 731,57 milhões ou cerca de US$ 389 milhões), cujas ações estreiam na Bovespa amanhã, dia 26. E ainda da oferta subsequente de ações da Fibria (num total estimado de R$ 1,355 bilhão ou US$ 720,3 milhões) que acontece hoje. A liquidação das operações de BTG Pactual e Fibria acontecem dia 30 de abril e a da Unicasa, em 2 de maio. A expectativa em relação à operação do BTG Pactual é de que poderá haver adesão de investidores estrangeiros de pelo menos US$ 1 bilhão. A menor aversão ao risco lá fora ajudou a interromper a sequência de três quedas consecutivas da Bolsa brasileira. O Ibovespa terminou com valorização de 0,70% e quase reconquistou os 62 mil pontos, ao marcar 61.971,14 pontos.
Os juros futuros, por sua vez, voltaram a precificar possibilidade elevada de o afrouxamento monetário ter continuidade na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em maio. Esta aposta cresceu após a presidente Dilma Rousseff afirmar que "não existe explicação técnica para que nossas taxas de juros não sejam compatíveis com as taxas internacionais".