Depois de vários pregões oscilando sem tendência clara e com volume abaixo da média, a Bovespa pode ganhar direção nesta quarta-feira, em função da aguardada reunião do Federal Reserve, o Fed, banco central americano. Economistas não esperam surpresas na decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que deve manter os juros em patamar próximo de zero. Porém, as entrelinhas do comunicado devem dar pistas sobre o futuro do país e, confirmar ou não, as especulações sobre um novo pacote de estímulos ao crescimento, que seria a terceira versão do chamado "Quantitative Easing", ou QE3.
Após a reunião, o Fed também divulgará uma revisão das projeções de crescimento da economia, inflação e emprego e, em seguida, o presidente da instituição, Ben Bernanke, concederá entrevista coletiva. "Se os números melhorarem em relação à última projeção, aumentam as chances de um aperto monetário começar até o fim de 2013, e não mais em 2014, como vinha sendo dito até agora", observa o economista-chefe do Banco Prosper, Eduardo Velho.
"Por outro lado, se os dados piorarem, aumentam as chances de um QE3. Mas eu acho pouco provável que isso aconteça agora", pondera o especialista, ressaltando que o anúncio do programa de estímulo neste momento poderia ter uma interpretação negativa do mercado, de que o ritmo de expansão da economia americana estaria muito pior do que o desejado.
"Não sei se virá um novo afrouxamento monetário, mas alguma medida deve ser tomada", acredita o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Na sua visão, a linguagem dos comunicados do Fomc vem mudando nas últimas três reuniões, caminhando para a sugestão de um alívio. "Só sei que esse "twist" americano não está dançando", ironizou.
Ontem, a Bovespa operou de lado durante quase todo dia e só firmou tendência de alta na última hora de pregão, ajudada pela melhora das ações de Vale, Petrobras e OGX, e pela aceleração dos ganhos do setor elétrico, com exceção da Cesp.
O Ibovespa fechou em alta de 0,70%, aos 61.971 pontos, com volume de R$ 6,316 bilhões. Oi ON (6,72%, para R$ 12,53) e PN (6,60%, a R$ 10,82) figuraram novamente entre as maiores altas, acompanhadas de Eletropaulo PN (6,66%, a R$ 16,00). Na lista de maiores baixas ficaram ALL ON (-2,30%, para R$ 8,90), Ultrapar ON (-1,86%, a R$ 42,20) e Localiza ON (-1,79%, a R$ 32,80).
Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN perdeu 0,18%, para R$ 21,24; OGX ON recuou 0,30%, a R$ 13,01; e Vale PNA fechou estável, a R$ 41,70.
A Vale divulga hoje seu desempenho no primeiro trimestre. Analistas estimam que o resultado será mais fraco que o de igual período do ano passado.
Ainda no terreno dos balanços, o Itaú apresentou ontem lucro de R$ 3,42 bilhões no trimestre, 3% inferior ao do mesmo trimestre do ano passado. Assim como ocorreu com o Bradesco, o aumento da inadimplência foi responsável pelo resultado mais fraco. As ações PN do Itaú recuaram 1,06%, para R$ 31,45, enquanto Bradesco PN subiu 0,78% e fechou cotado a R$ 30,64.
A Usiminas foi a primeira siderúrgica a soltar balanço, na segunda à noite. A companhia apresentou prejuízo de R$ 37 milhões no trimestre, ante lucro de R$ 16 milhões um ano antes. O recém-empossado presidente da Usiminas, o argentino Julián Alberto Eguren, admitiu em teleconferência com analistas que a situação da siderúrgica mineira é "difícil e complexa". Usiminas PNA caiu 0,96%, para R$ 11,25, enquanto o papel ON recuou 0,34%, para R$ 17,54.
JBS ON fechou quase estável (-0,27%, a R$ 7,16), apesar da notícia de que os EUA descobriram um caso de doença da vaca louca no país, onde o frigorífico possui unidades de produção.