Depois de cinco dias consecutivos de queda, Bovespa perde 3,41% em outubro e está perto de anular os ganhos obtidos em 2012
Diante de um cenário internacional complexo e da divulgação de balanços corporativos ruins, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) amargou o quinto dia seguido de queda, com desvalorização de 0,92%. Com esse desempenho, o Ibovespa está próximo de zerar o ganho do ano. No acumulado de 2012, o resultado do principal indicador do mercado acionário brasileiro ainda registra saldo positivo de 0,72%. Porém, se o ritmo de perdas for mantido, o índice passará para o terreno negativo até o fim da semana. Em outubro, o Ibovespa já encolheu 3,41%.
Não fossem as altas dos papéis do Itaú Unibanco e da Itaúsa, o resultado do mercado teria sido ainda pior. O Ibovespa sofreu pressões de baixa vindas das ações da OGX, que saíram 7,77%; da Vale, com recuo de 0,78%; e da Petrobras, com perda de 0,60%.
O índice até abriu o dia em alta, mas foi derrubado pelo pessimismo que tomou conta do mercado após a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). A expectativa era de que fosse anunciada uma expansão do Quantitative Easing III, um programa que promete irrigar a economia dos EUA com dólares indefinidamente. A autoridade monetária norte-americana, porém, não apresentou novidades e frustrou investidores. A Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,19%. Já na Europa, os mercados tiveram leves altas, animados com a notícia de que a Grécia teria fechado acordo com os credores, e o índice Stoxx Europe 600 subiu 0,4%.
“Em geral, os balanços estão vindo ruins, tanto lá fora quanto no Brasil. Mas isso era de se esperar, dado que os números estão acompanhando a desaceleração da economia brasileira”, observou Ariovaldo Santos, gerente de renda variável da corretora H. Commcor. “Temos um cenário indefinido, com desaceleração na Europa, incertezas com relação à Espanha e eleições norte-americanas”, ponderou Álvaro Bandeira, sócio da Órama Investimentos.
Nem mesmo o anúncio de prorrogação do desconto de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para veículos, anunciado pela presidente Dilma Rousseff durante o Salão do Automóvel, fez a bolsa reverter a queda. As empresas do segmento automobilístico não apresentaram reação ao comunicado.
» Grécia: acordo em suspenso
A Grécia está perto de alcançar com os credores um acordo que lhe daria mais dois anos para reduzir o deficit público dos 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB) registrados em 2011, para menos de 3%. Com a prorrogação, a meta seria transferida de 2014 para 2016. Em troca, o país se comprometeria com um novo programa de ajustes e cortes orçamentários, incluindo um plano de reformas estruturais e avanço nas privatizações. O acerto chegou a ser anunciado ontem no parlamento pelo ministro grego das Finanças, Yannis Stournaras, mas foi, logo em seguida, desmentido por autoridades da União Europeia. Segundo o porta-voz do bloco, Simon O’Connor, “as negociações avançaram significativamente, mas ainda restam assuntos para serem resolvidos antes que um acordo seja fechado”.