Ibovespa se descolou de cenário externo e iniciou a semana com alta de 2,48%
Uma onda de otimismo tomou conta da bolsa brasileira, que operou descolada de suas pares internacionais ontem. O Ibovespa ganhou força após superar a resistência na linha de 48 mil pontos e chegou a subir mais de 3% no melhor momento do dia. Houve zeragem de posições vendidas (apostas de baixa) em alguns ativos e reavaliação para cima das perspectivas de segmentos como o bancário.
O balanço do Bradesco, divulgado logo cedo, trouxe lucro ajustado de R$ 2,978 bilhões no segundo trimestre, um pouco abaixo da expectativa do mercado, de R$ 3,1 bilhões. No entanto, a redução em R$ 8 bilhões no lucro não realizado devido aos efeitos da marcação a mercado de títulos trouxe um viés negativo para as ações na primeira hora de pregão.
Mas a direção do banco conseguiu reverter a baixa dos papéis na teleconferência sobre o balanço, ao destacar a tendência de queda no nível de inadimplência. O indicador ficou em 3,7% no segundo trimestre, 0,3 ponto percentual abaixo do primeiro trimestre. O banco esperava alcançar esse patamar apenas em dezembro. A declaração fez todo o setor bancário fechar em alta. Bradesco PN ganhou 3,67%, para R$ 28,79; seguida de Bradesco ON (3,44%), Itaú PN (2,08%), Santander Unit (3,28%) e Banco do Brasil ON (2,03%).
O anúncio dos cortes no orçamento feito pelo governo federal também colaborou para uma visão mais positiva dos investidores sobre o Brasil. "O contingenciamento adicional de R$ 10 bilhões é insuficiente para assegurar um primário de 2,3% do PIB em 2013, mas deverá contribuir para reduzir incerteza sobre a política fiscal doméstica", disse em relatório a consultoria LCA.
O Ibovespa terminou em alta de 2,48%, aos 48.574 pontos, com volume de R$ 5,582 bilhões. Na máxima do dia, o índice chegou aos 48.879 pontos (3,12%). Vale lembrar que o índice já havia subido 4,1% na semana passada, que foi a melhor do ano até agora. Com a alta de ontem, a bolsa reduziu a baixa acumulada no ano para 20,3%.
Segundo o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, o Ibovespa rompeu resistência gráfica relevante, na linha de 48 mil pontos. "A Bovespa está na inércia do bom momento dos mercados lá fora", avalia Figueredo. "Esse nível de 48 mil pontos é um ponto de inflexão importante. Pode abrir espaço para um repique em direção aos 50 mil pontos", diz.
No entanto, o especialista ressalva que o volume financeiro segue abaixo da média, o que pode deixar o movimento de recuperação sem consistência. "É um telhado de vidro. Não dá para afirmar com certeza se representa uma mudança na tendência, embora seja um ponto importante."
Entre as ações de maior peso no índice, Vale PNA subiu 1,86%, para R$ 28,45; Petrobras PN ganhou 2,64%, a R$ 16,30; e OGX ON terminou em alta de 6,0%, a R$ 0,53. A lista de maiores altas trouxe Oi PN (15,61%) e ON (14,85%).
Segundo operadores, há um maior otimismo com as recentes vendas de ativos da companhia, o que colabora para redução nas posições vendidas no papel. Na semana passada, a Oi anunciou a venda da Globenet ao fundo BTG Pactual Infraestrutura por R$ 1,74 bilhão.
Outro destaque de alta foi B2W ON (7,97%). Apenas em julho, as ações da varejista online já subiram mais de 80%. Segundo operadores ouvidos pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, a alta é consequência de um forte movimento de redução das posições vendidas, ou "short squeeze", no jargão de mercado. Essa movimentação foi deflagrada pela saída do mercado, há cerca de duas semanas, de um importante doador de ações da B2W para aluguel: a gestora de recursos Polo Capital, que detém cerca de 8 milhões de ações, ou 5% do capital da B2W.
Apenas uma ação, das 71 que compõem o Ibovespa, fechou em baixa: Braskem PNA (-0,11%).