Resultados são reflexos diretos da declaração de Ben Bernanke de que incentivos não serão retirados dos Estados Unidos imediatamente
A declaração de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos), de que o corte de incentivos para o país depende de melhores indicadores econômicos refletiu ontem no mercado brasileiro. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&Fbovespa) registrou alta de 1,15%, e a cotação do dólar ante o real recuou 1,22%, fechando a R$ 2,227 para a venda.
Embora tenha dito que espera começar a reduzir, em breve, as compras mensais de US$ 85 bilhões em papéis nos EUA, Bernanke reforçou que a data de início dessa medida ainda é incerta. "A nossas operações dependem da situação econômica e financeira, mas não há prazo predeterminado para nada", disse ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados.
Segundo o cronograma que o presidente do Fed apresentou em 19 de junho, as autoridades do banco central norte-americano devem minimizar as compras mensais de títulos ainda neste ano, e suspendê-las até meados de 2014, desde que a recuperação econômica dos EUA aconteça como o esperado. Apesar de não ter se afastado dessa orientação, Bernanke afirmou que o ritmo da in-jenção mensal de US$ 85 bilhões na economia pode ser reduzido "um pouco mais rapidamente" se a atividade melhorar. "Com um desemprego ainda alto e caindo lentamente, uma política monetária muito flexível continua sendo apropriada, mas apenas em um fíituro próximo", disse.
A economia norte-americana, no entanto, segue a passos "de modestos a moderados", segundo o relatório periódico sobre a atividade empresarial do país, o chamado Livro Bege, divulgado ontem pelo Fed. Os dados do documento mostram que a atividade fabril dos EUA em junho e no início de julho registrou leve melhora em relação ao início do ano. O BC ainda se mostrou otimista em relação aos setores imobiliário e de vendas de automóveis e aos gastos dos consumidores, mas o ritmo de contratações está contido.
Leilão do BC
A possibilidade de a economia dos Estados Unidos ainda não estar em franca recuperação deu alívio aos investidores, com o Ibovespa chegando aos 47.407 pontos. Segundo Felipe Rocha, analista da Omar Camargo Corretora, o programa de compra de títulos pelo Fed tem mantido o apetite por risco e os fluxos de capital a países emergentes. "As declarações (de Bernanke) sustentam ações ligadas a commodities e petróleo" analisou. Pelo segundo dia consecutivo, as blue chips — ações mais negociadas — contribuíram para o resultado positivo da BM&Fbovespa.
No mercado de câmbio, aproveitando o movimento de queda do dólar ao longo do dia, o Banco Central brasileiro anunciou, após o fechamento do pregão, que fará hoje um leilão de 20 mil contratos de swap cambial tradicional — equivalente à venda de dólares no mercado futuro —, com vencimento em 2 de dezembro deste ano. A operação é o início da rolagem de contratos que vencem em 1º de agosto.