As atenções dos investidores estão voltadas, mais uma vez, ao discurso e, principalmente, à sessão de perguntas e respostas que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke fará nesta manhã no Congresso americano.
O mercado espera sinais mais claros de quando a autoridade monetária pretende iniciar a retirada dos estímulos da maior economia do mundo. A divisão entre os membros do Fed sobre o tema tem resultado em uma série de discursos, muitas vezes conflitantes.
Ontem, a agenda carregada de indicadores no exterior e o comportamento errático das ações do grupo "X" deixou a bolsa brasileira volátil pela manhã. Apenas a partir do meio da tarde o mercado optou pela cautela, com o Ibovespa encerrando a terça-feira em leve alta. "O mercado está à espera do discurso do Bernanke", disseo estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira, observando que o volume ficou abaixo da média.
O Ibovespa subiu 0,28%, aos 46.869 pontos, depois de oscilar entre a mínima de 46.416 (-0,69%) e a máxima de 47.329 pontos (1,26%). O volume financeiro somou R$ 5,072 bilhões. Entre as ações de maior peso, Vale PNA subiu 1,86%, para R$ 27,87; Petrobras PN ganhou 1,35%, para R$ 15,75; e OGX ON manteve a tradicional volatilidade dos papéis do grupo "X", encerrando em baixa de 3,92%, a R$ 0,49, depois de oscilar entre uma perda de 11,7% e uma alta de 3,9%. MMX ON terminou em baixa de 2,18%, R$ 1,34, e LLX ON caiu 1,35%, para R$ 0,73.
Em meio às dúvidas sobre o futuro do programa de compras de ativos do BC dos EUA, ontem foi a vez da presidente da regional do Fed em Kansas City, Esther George, fazer campanha pela redução imediata na recompra de títulos. "Estamos em um caminho de crescimento contínuo e sustentável", disse a executiva. "A Esther George foi bem enfática ao sugerir que o programa de estímulos termine no primeiro semestre de 2014", comentou Pereira sobre o discurso da integrante do Fed, que tem direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
As construtoras lideraram os ganhos do Ibovespa ontem: Brookfield ON (3,84%), MRV ON (3,69%) e Cyrela ON (2,80%). MRV e Cyrela divulgaram suas prévias operacionais do segundo trimestre. Os lançamentos da MRV caíram 40,6% no segundo trimestre, ante o mesmo período do ano passado, para R$ 634 milhões. Apesar disso, as vendas contratadas cresceram 47% no segundo trimestre, para o valor recorde de R$ 1,381 bilhão. Em relatório, o BTG Pactual considerou as vendas e o fluxo de caixa do segundo trimestre sólidos, mas disse que as margens permanecem fracas.
Já a Cyrela lançou R$ 1,25 bilhão em imóveis no trimestre, 37,2% acima do mesmo período do ano passado. No semestre, o Valor Geral de Vendas (VGV) lançado cresceu 13,6%, para R$ 1,812 bilhão.
A lista de maiores altas trouxe ainda Banco do Brasil ON (2,82%). O Bank of America Merrill Lynch (BofA) melhorou a recomendação das ações do BB, de "underperform" (abaixo da média do mercado) para "neutra", apesar de ter reduzido o preço-alvo, de R$ 26 para R$ 23. "Nos níveis atuais de preço, a ação já reflete a maioria dos riscos potenciais", afirmou o BofA.
Na ponta negativa o destaque foi CSN ON (-3,13%). A ação reagiu à notícia do jornal "O Estado de S. Paulo", informando que CSN e ThyssenKrupp estão perto de um acordo sobre a venda da fatia do grupo alemão na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). O Goldman Sachs divulgou relatório reiterando a recomendação de venda dos papéis devido à elevada alavancagem da siderúrgica.