A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 1,88% ontem, acompanhando o clima de pessimismo dos principais mercados globais diante da crise da Zona do Euro, os indicadores de declínio na atividade econômica chinesa e as taxas de crescimento do emprego nos Estados Unidos abaixo do esperado. Com isso, o ganho acumulado no ano, na bolsa brasileira, encolheu para 8,78%, após ter registrado alta acumulada de mais de 20%, na máxima, em meados de março. O principal indicador, o iBovespa, chegou a cair 7,26%, para R$ 13,16, o menor nível desde janeiro.
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones caiu 1,65%, enquanto o Standard & Poor"s cedeu 1,71%. A bolsa mais penalizada foi a de Milão, que perdeu 4,98%, seguida por Paris, com um retrocesso de 3,08%, Madri (-2,96%), Frankfurt (-2,49%) e Londres (-2,24%). Na Zona do Euro, as tensões têm se voltado ao mercado da dívida, em que os investidores pedem um rendimento muito alto para comprar dívida de países considerados pouco confiáveis como a Espanha, que tem que pagar juros de 5,97% por bônus a 10 anos.
Num mercado globalizado, as expectativas quanto ao crescimento das principais economias abalam os pregões, mas há também muita especulação. Para Marcio Cardoso, sócio-diretor da Título Corretora, os investidores aproveitaram os últimos dados ruins da China e dos EUA para realizar os lucros do início do ano, porém, essa realização está ocorrendo de forma mais intensa do que o esperado. No jargão do mercado, realizar lucro é aproveitar os ganhos, especialmente quando há o temor de que não se realizem mais na proporção e na velocidade desejadas. Cardoso também considera que a atual tendência para a bolsa é de volatilidade. "O investidor é de curto prazo. Apesar da forte liquidez disponível, o dinheiro de longo prazo ainda não voltou", acrescentou.
Dólar
O analista refere-se aos mais de US$ 9 trilhões que os bancos centrais da Europa (BCE) e dos Estados Unidos (Fed) irrigaram nos mercados, a curto prazo, na tentativa de desvalorizarem suas moedas e forçarem a competitividade de suas indústrias. Como a China segue a mesma cartilha, mantendo a sua moeda, o yuan, desvalorizada, a medida não teve o efeito esperado, embora esteja prejudicando economias emergentes, como a brasileira. Foi por isso que o governo passou a adotar medidas de fomento à produção local e o Banco Central tem realizado leilões para sustentar a alta do dólar em relação ao real. Ontem, por exemplo, a moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 1,8330, alta de 0,77%, a maior cotação desde 9 de janeiro último.