A Grécia voltou a ser o centro das preocupações nos mercados ontem pela incapacidade de o país encontrar uma saída política sem comprometer a agenda econômica. Com isso, as bolsas internacionais acentuaram suas quedas durante o dia, com o petróleo caindo e o dólar subindo. Líderes políticos da Alemanha alertaram, também ontem, que, se a Grécia não cumprir com todas as condições estabelecidas no plano de resgate, a ajuda será suspensa.
Esse cenário fez com que as principais bolsas europeias caminhassem para sua maior queda em quatro meses. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações da Zona doEeuro, por exemplo, fechou com baixa de 1,66%, a 1.017 pontos. O maior agravante da situação dos mercados foram as declarações do líder do partido Coalizão da Esquerda, Alexis Tsipras. Ele disse que o compromisso da Grécia com o acordo de resgate da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) tornou-se nulo após os eleitores rejeitarem os partidos pró-resgate nas eleições gerais de domingo.
Com isso, e temendo que Tsipras venha a assumir o posto de primeiro-ministro se conseguir fechar um acordo de coalização, e a Grécia abandone a Zona do Euro, todos os ativos passaram a ter cotação revista.
As bolsas de valores dos Estados Unidos acompanharam esse movimento e também fecharam em baixa, embora tenham conseguido reduzir as perdas perto do encerramento do pregão.
Com a preocupação em torno da Grécia, dados sobre a produção industrial da Alemanha referentes a março acabaram ofuscados. O Ministério da Economia alemão informou que a produção saltou 2,8% em março em relação ao mês anterior, superando previsões analistas.
Essa movimentação provocou a queda da Bovespa em 1% e o dólar foi cotado a R$ 1,9387.
» Pressão espanhola
A Espanha tem que enfrentar seus problemas fiscais e buscar reformas estruturais para garantir aos mercados que é capaz de ter sustentabilidade econômica, afirmou ontem o Comissário de Questões Econômicas e Monetárias da União Europeia (UE), Olli Rehn. Questionado se deve ser dado à Espanha mais um ano para atingir sua meta de reduzir o deficit orçamentário para 3% do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma de todas as riquezas), Rehn disse que países sob forte avaliação de mercado, como a Espanha, “precisam enfrentar seus desafios fiscais como parte das medidas de construção de confiança”. Ele acenou com a possibilidade de prazo maior para metas.