A ata da última reunião de política monetária do Fed (banco central americano) não conseguiu amenizar o pessimismo nos mercados financeiros internacionais. O documento não trouxe clareza sobre quando a instituição pretende iniciar a redução das compras de ativos.
Depois da divulgação do documento, os índices acionários de Wall Street chegaram a ficar em terreno positivo, mas o avanço perdeu fôlego e as bolsas de Nova York terminaram no vermelho. Dow Jones caiu 0,70%, para 14.898 pontos. A queda marca a sexta sessão consecutiva de perdas do índice, a maior sequência de baixa desde julho de 2012. O Nasdaq perdeu 0,38%, para 3.600 pontos, enquanto o S&P 500 teve queda de 0,58%, para 1.643 pontos. Todos os setores que fazem parte do S&P 500 recuaram.
A ata também pesou sobre os títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), que subiram na sessão de ontem. No fim das operações de ontem, os juros das T-notes de 10 anos marcavam 2,888%, contra 2,816% do dia anterior.
Apesar do clima de incerteza, ainda há quem aposte que a desaceleração do programa de compra de títulos do Fed, comandado por Ben Bernanke, virá em setembro.
Em nota divulgada a clientes, o economista-chefe da Capital Economics para os EUA, Paul Ashworth, disse que "a ata apoia a ideia de que o Fed vai começar a reduzir os estímulos em meados de setembro. No entanto, como os membros ainda estão divididos, suspeitamos que a redução inicial seja menor do que as estimativas anteriores. Eles podem, por exemplo, anunciar um corte inicial de US$ 10 bilhões e aumentá-lo à medida em que a economia for ganhando tração".
Jim McDonald, estrategista-chefe de investimentos da Northern Trust, discorda da opinião de Ashworth. Para ele, "não há nada na ata que indique que o Fed vai diminuir os estímulos no próximo mês". Ele acha que a redução começará no fim de outubro.
Na Europa, as ações também recuaram. A bolsa de Londres caiu 0,97%. Em entrevista ao periódico britânico "The Daily Telegraph", Martin Weale, integrante do conselho do Banco da Inglaterra, disse que o Reino Unido pode precisar de uma nova rodada de compra de ativos.
Em Frankfurt, a queda ficou em 0,18%. Paris recuou 0,34%, e Milão declinou 0,72%.
Para Jason Rogan, analista da Guggenhein Securities, o sentimento deve continuar negativo no mercado de bônus.