Fim do impasse fiscal nos EUA anima os investidores e gera movimento de alta nos principais mercados. Bovespa avança 1,8%
Antes mesmo de ser sacramentado, o acordo político que evitou um calote da dívida pública norte-americana gerou uma onda de otimismo nos mercados de ações de todo o mundo. No Brasil, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&Fbovespa) teve valorização de 1,8%, no sexto dia seguido de alta, fechando o pregão nos 55.973 pontos. Apenas nos últimos três dias, o Ibovespa acumulou ganho de 5,3%.
O alívio provocado pelo entendimento de última hora entre democratas e republicanos impulsionou também os negócios nos Estados Unidos e na Europa. O Dow Jones, principal indicador da Bolsa de Nova York, teve ganho de 1,36%, com 78% das ações que compõem o índice mostrando valorização, à medida que se acumulavam as notícias de que um acordo estava próximo.
"Parece que superaremos o impasse fiscal, o que está trazendo alívio ao mercado", disse, no meio da tarde, a gestora de portfólio do Evercore Wealth Management, Judy Moses, em São Francisco. Com confiança voltando aos negócios, a bolsa das empresas de tecnologia, a Nasdaq, teve alta de 1,20%. O Índice Standard & Poor"s 500, que acompanha o desempenho das principais blue chips norte-americanas, avançou 1,28%, aproximando-se da máxima história registrada em 18 de setembro.
Os ganhos foram amplos, com todos os dez setores do S&P 500 fechando com altas sólidas, liderados por papéis de instituições financeiras, que se viram livres da ameaça de calote dos títulos que mantêm em carteira. Outros grupos, cujo desempenho é ligado ao ritmo de crescimento econômico, incluindo o setor de energia, também tiveram saltos expressivos. Antecipando um futuro aumenta da demanda, os preços do petróleo nos EUA subiram 1%, ontem.
OGX ajuda
No Brasil, a alta da Bovespa foi amplificada por nova disparada das ações da petroleira OGX, que subiram nada menos do que 38,24%, ampliando a extraordinária valorização de 48% já registrada na véspera. A recuperação dos papéis da companhia, que nos últimos meses praticamente tinham virado pó, foi um reflexo das notícias de que o grupo deve ser completamente reestruturado e receber de credores internacionais uma injeção de capital que pode chegar a
US$ 200 milhões. Em troca, o empresário Eike Batista perderá o controle acionário da empresa.
A OGX contribuiu com cerca de 640 pontos para a alta do Ibovespa, que chegou a ultrapassar os 56 mil pontos durante a sessão. Com o desempenho de ontem, o indicador acumulou ganho de 5,3% na semana e de 6,94% no mês. "Está havendo um grande fluxo de recursos em direção à bolsa em função das questões fiscais nos Estados Unidos, que começam a se resolver", resumiu o operador de renda variável Dionatan Severo, da Quantitas Asset Management. Ontem, o volume de negócios chegou a R$ 14,6 bilhões. Desde o início do ano, contudo, o saldo ainda é desfavorável, com o indicador acumulando desvalorização de 8,17%.
Ânimo renovado
Na Europa, os investidores também foram às compras com ânimo renovado, diante dos sinais de acordo no Congresso dos EUA. Os maiores mercados acionários do continente, que encerram as negociações bem antes das praças norte-americanas, mostravam avanço, com exceção da Bolsa de Paris, em que houve queda de 0,29%. Foi, porém, a única exceção, já que Londres, Frankfurt e Milão subiram de forma sólida, assim como Madri e Lisboa.
O FTS Eurofirst300, que acompanha as principais ações europeias, terminou o dia com alta de 0,19%, em 3.015 pontos, patamar que não era visto desde maio de 2011.O Euro Stoxx 50, indicador das blue chips do continente, avançou 0,36%, atingindo a pontuação mais alta em dois anos e meio.