O clima adverso no exterior mais uma vez pesou sobre os mercados na segunda-feira. Indicadores de atividade da China e da Europa vieram abaixo do esperado por economistas. Investidores mostraram preocupação com o futuro da França, por causa da derrota do atual presidente Nicolas Sarkozy no primeiro turno das eleições, e também com a Holanda, onde o governo não conseguiu aprovar medidas de austeridade e o primeiro-ministro pediu demissão do cargo.
No quadro doméstico, as atenções ficaram com o balanço do Bradesco e com a estreia da Locamerica, que reabriu a temporada de ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) na Bovespa após quase 10 meses sem novas operações no mercado local.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,53%, aos 61.539 pontos. O volume financeiro alcançou R$ 6,833 bilhões, mais foi inflado pela oferta de fechamento de capital (OPA) da fabricante de tubos Confab, que respondeu sozinha por R$ 1,3 bilhão.
Entre as mais negociadas, Vale PNA caiu 0,54%, para R$ 41,70; Petrobras PN perdeu 0,83%, para R$ 21,28; e OGX ON fechou em baixa de 0,45%, a R$ 13,05.
JBS ON despencou 6,26%, para R$ 7,18, e liderou as perdas do Ibovespa. O frigorífico confirmou a intenção de comprar o Grupo Independência, que está em recuperação judicial, por R$ 268 milhões, conforme antecipou o Valor. A proposta prevê o pagamento de R$ 135 milhões em ações da JBS, ao valor de R$ 7,91 por ação, e mais R$ 133 milhões em dinheiro. Porém, o JBS ressaltou que não assumirá "qualquer contingência financeira, fiscal ou trabalhista".
Bradesco PN fechou estável, a R$ 30,40. A instituição abriu a fila de balanços do primeiro trimestre dos bancos privados, com lucro de R$ 2,793 bilhões. Expansão menor do crédito e aumento da inadimplência chamaram a atenção dos analistas.
A estreante Locamerica ON, empresa do segmento de locação de veículos para empresas, perdeu 5,55% e fechou a R$ 8,50, após realizar o primeiro IPO na Bovespa neste ano. O papel saiu ao preço de R$ 9,00 por ação, abaixo do piso inicial da operação, que era de R$ 11,00. Ainda esta semana devem estrear as ações da operação mais aguardada dos últimos tempos: o IPO do banco de investimento BTG Pactual, de André Esteves.
Enquanto isso, o ritmo dos negócios no mercado continua lento, por conta da agenda carregada desta semana, que inclui a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e mais balanços de bancos privados brasileiros.
O economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, lembra que, além de confirmar o atual afrouxamento da política monetária americana, o Fed vai divulgar projeções revisadas para emprego e crescimento da economia. "Se houver melhora nos números, o mercado pode reacender a expectativa de que os juros nos Estados Unidos começarão a subir no fim de 2013." Atualmente, a indicação dada pelo próprio Fed é de que os juros subirão somente a partir de 2014. "Isso ajudaria o dólar, mas prejudicaria o euro e também as commodities", observa. Vale lembrar que as empresas mais relevantes da bolsa brasileira estão sujeitas ao comportamento dos preços das commodities.