A Bovespa sentiu a forte resistência gráfica dos 52.200 pontos e cedeu à realização ontem, após registrar alta em 11 dos 13 pregões anteriores, valorizando-se 10% no período. A liquidez foi reduzida devido ao feriado bancário em Londres, o que deixou boa parte dos estrangeiros fora do mercado. Além disso, as ações locais ficaram sem o referencial das commodities, já que a LME, a bolsa de metais de Londres, ficou fechada.
Os investidores também preferiram adotar cautela neste início de semana diante da agenda carregada de eventos. "A semana terá Copom, PIB aqui e nos Estados Unidos e ainda ajuste nas carteiras do Ibovespa e do MSCI", afirma o estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira.
Wall Street também perdeu força nos últimos minutos do pregão, o que colaborou para acentuar as baixas por aqui. Lá, o mercado reagiu às declarações do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que condenou o uso de armas químicas pela Síria e disse que os EUA e seus aliados estão analisando como responder ao evento da semana passada, quando mais de 1 mil pessoas morreram no país.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,47%, aos 51.429 pontos, na mínima do dia. O volume financeiro somou R$ 5,211 bilhões, um terço a menos do que a média de R$ 8 bilhões diários da semana passada.
Entre as ações de maior peso, Vale PNA caiu 0,24%, a R$ 32,20; Petrobras PN perdeu 1,94%, a R$ 18,19; enquanto OGX ON fechou estável, a R$ 0,81, depois de passar a maior parte do pregão em alta.
Reportagem do Valor mostrou que a Petrobras perdeu R$ 663 milhões com refino de petróleo entre janeiro de 2003 e julho de 2013.
Outra notícia que influenciou as ações da estatal veio da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A diretora-geral da agência, Magda Chambriard, afirmou que o leilão de Libra, primeira área do pré-sal a ser ofertada sob regime de partilha, poderá atrasar. As últimas versões do edital e do contrato da concorrência devem ser publicadas em 6 de setembro.
Já OGX seguiu sob a pressão do ajuste da carteira teórica do Ibovespa, que acontecerá no fim desta semana. Seu peso no índice subirá de 2% para 4%. Uma reportagem do Valor mostrou que os fundos que seguem o Ibovespa terão que comprar entre 69 milhões e 184 milhões de ações para se ajustar à nova carteira do índice, movimentando entre 5% e 14% do total de papéis em circulação da empresa.
Vale lembrar que até sexta-feira havia 394 milhões de ações da OGX alugadas, o que corresponde a quase 30% do total de papéis em circulação. O volume alugado do ativo vem recuando. Há uma semana estava em 417 milhões de ações. Segundo operadores, muitos doadores do papel deixaram de renovar os contratos de empréstimo, o que também tem colaborado para a alta do ativo.
Oi ON (-6,15%) e PN (-3,56%) figuraram entre as maiores perdas após denúncias feitas pela revista "Veja", de que o deputado Vicente Cândido (PT/SP) teria oferecido propina a Marcelo Bechara, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para ele atuar em favor da operadora.
Fora do Ibovespa, BB Seguridade ON recuou 1,65%, para R$ 18,99, com giro expressivo de R$ 76 milhões. Terminou ontem o "lock up" (período de restrição à venda de ações) para os funcionários do Banco do Brasil que compraram ações na oferta pública realizada em abril. As ações saíram cotadas a R$ 17,00 na oferta.