Os indicadores da economia americana continuam merecendo atenção dos investidores nesta terça-feira, depois da divulgação de dados divergentes ao longo do pregão de ontem. Enquanto os números de vendas no varejo vieram fortes, a sondagem industrial de Nova York e a confiança do construtor americano ficaram abaixo do esperado."A bolsa operou na gangorra ontem. Vamos ver como virão os dados de hoje para que o mercado defina uma tendência", afirma o analista da XP Investimentos, William Castro Alves, lembrando que a Europa também segue no foco, por conta dos possíveis efeitos da crise das dívidas soberanas. "As bolsas europeias até fecharam em alta ontem, mas a Espanha ainda preocupa."
A agenda desta terça-feira reserva os dados de produção industrial e de novas construções de residências nos EUA, a inflação ao consumidor na zona do euro, o índice de confiança na Alemanha, além da divulgação de projeções para a economia mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O mercado também vai operar já sob a influência da reunião do Copom, que será concluída na quarta. No entanto, a decisão da autoridade monetária não deve trazer surpresas. "A bolsa já precificou a redução da taxa Selic para 9% ao ano", diz Alves.
O Ibovespa encerrou a segunda-feira em baixa de 0,24%, aos 61.954 pontos. O vencimento de opções sobre ações aumentou a volatilidade do mercado e também inflou o volume financeiro, que chegou a R$ 9,441 bilhões. Desse montante, R$ 3,350 bilhões foram provenientes do exercício das opções. Nos Estados Unidos, as bolsas seguiram direções opostas. O índice Dow Jones subiu 0,56%, enquanto o Nasdaq recuou 0,76%, pressionado pelas ações da Apple (-4,15%).
Por aqui, o destaque negativo do dia ficou com as ações ON da credenciadora de cartões Cielo (-4,84%, a R$ 61,85). Declarações do presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, em uma teleconferência sobre a oferta (OPA) para fechar o capital da Redecard (-0,30% a R$ 33,00) interferiram no comportamento dos papéis da companhia. Ele declarou que o Itaú subsidia as operações da Redecard e que vê um cenário de queda de margens para o segmento de cartões por conta do aumento da concorrência.
"A declaração do Setubal é interessante, mas precisa ser contextualizada. Ela se encaixa na estratégia do Itaú de demonstrar que o preço de R$ 35 para a OPA é justo", ressalta Alves, lembrando que as ações da Redecard fecharam abaixo desse valor ontem.
Entre as altas do dia figuraram as construtoras MRV ON (3,17% a R$ 12,99), PDG Realty ON (3,13%, a R$ 5,26) e Cyrela ON (3,1%, a R$ 16,29), que reagiram às prévias de resultados. A Cyrela informou na sexta à noite que os lançamentos da incorporadora recuaram 22,8% no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2011, para R$ 889,9 milhões. O movimento de redução no valor lançado veio em linha com as prévias apresentadas por Gafisa e Trisul, e reflete, em parte, a estratégia de crescimento mais moderado do setor. Ao contrário das concorrentes, no entanto, as vendas da Cyrela no primeiro trimestre apresentaram evolução de 22,2%, para R$ 1,2 bilhão.
AmBev PN fechou em baixa de 0,97%, a R$ 78,08. A companhia anunciou a compra de 41,76% da Cervecería Nacional Dominicana (CND) por US$ 1 bilhão. Quando o negócio for concluído, a Ambev comprará também fatia de 9,3% que pertence à Heineken por US$ 237 milhões. Com isso, a cervejaria brasileira passará a ter 51% do capital da CND.