A terça-feira foi de correção técnica na Bovespa, com investidores realizando parte dos fortes ganhos de segunda-feira e reduzindo a exposição a ativos de risco diante da possibilidade de uma ofensiva militar dos Estados Unidos contra a Síria. Os estrangeiros lideraram as vendas no dia, que foram concentradas nos setores de educação, varejo e bancário. Na ponta positiva ficaram OGX e o setor elétrico.
"Os dados da China serviram de motivo para um rali na segunda-feira. Hoje [ontem] faltaram notícias para justificar uma nova alta", avalia o especialista em bolsa da Icap Brasil, Rogério Oliveira. "Além disso, o Ibovespa ficou diante de uma resistência gráfica muito forte, nos 52.300 pontos."
Depois do salto de 3,65% de segunda-feira, o Ibovespa terminou em baixa de 0,41% ontem, aos 51.625 pontos, com volume de R$ 7,328 bilhões.
O diretor técnico da Apogeo Investimentos, Paulo Bittencourt também considera o patamar de 52 mil pontos importante e de difícil superação. "Há três semanas o Ibovespa negocia entre 50 mil e 52 mil pontos", comenta.
Para Bittencourt, por enquanto não há indicadores fortes o suficiente para mudar o rumo da bolsa brasileira. Ontem saiu o número da produção industrial, que recuou 2% em julho, desempenho pior que o esperado pelo mercado.
A Síria segue como fator de risco. Ontem os mercados azedaram após as declarações de congressistas americanos a favor de um ataque. O presidente da Câmara, o republicano John Boehmer - que faz oposição a Barack Obama -, disse que apoia a ação militar.
Entre as ações de maior peso no Ibovespa, Vale PNA sustentou leve alta de 0,40%, a R$ 32,15; Petrobras PN caiu 0,94%, a R$ 16,78; enquanto OGX ON ganhou 5,0%, para R$ 0,42.
A Petrobras informou que sua produção no Brasil caiu 4,6% em julho, para 1,888 milhão de barris por dia. A redução foi provocada por paradas para manutenção de plataformas na Bacia de Campos. O Credit Suisse destacou, em relatório a clientes, que a estatal está cada vez mais longe de cumprir sua meta de produção para este ano, de 2,1 milhões de barris/dia.
As empresas de educação Anhanguera ON (-6,42%) e Kroton ON (-5,42%) lideraram as perdas do dia. O Valor apurou que o fundo Advent vendeu cerca de 2% do capital da Kroton em bolsa. Além disso, a Anima, dona de três universidades na região Sudeste, divulgou o prospecto de sua oferta de ações. O analista Luis Gustavo Pereira, da Futura Corretora, avalia que a queda das ações de educação está relacionada ao aumento da concorrência. "O cenário para o setor está mais acirrado."