Bolsas europeias e dos EUA também fecham em alta após trégua no cenário externo. Dólar sobe 1,33% no Brasil
Em Frankfurt, a alta de 0,95% ao fim do pregão reflete o chamado "dia de correção" nas Bolsas mundiais
SÃO PAULO . Ontem foi um dia de recuperação das perdas da última semana na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O Ibovespa, índice de referência do pregão brasileiro, fechou em alta de 3,81%, depois de uma queda de mais de 8% na semana passada. Sem notícias negativas sobre a Grécia e com informações de que a China quer estimular o crescimento econômico e de que os líderes do G-8 pediram o mesmo na zona do euro, os investidores voltaram às compras. Na Europa e nos EUA, as Bolsas também fecharam em alta. O dólar, no entanto, ignorou a trégua do mercado externo e valorizou-se 1,33%, cotado a R$ 2,044 na compra e R$ 2,046 na venda, maior valor desde 18 de maio de 2009 (quando atingiu R$ 2,0763).
A alta do Ibovespa foi puxada sobretudo pelos papéis de Petrobras e Vale, ações com maior peso no índice. O vencimento das opções sobre ações na BM&FBovespa ajudou a valorizar as duas empresas. Segundo analistas, papéis que foram castigados nas últimas semanas, de bancos e construtoras, também subiram.
- Foi um dia de correção. Bradesco PN teve alta de 7,06% e Itaú Unibanco, de 5,47%. Já os papéis da PDG Realty ON, que também têm peso no índice, subiram 5,67%. Entre as siderúrgicas, Gerdau Met PN subiu 7,30% - destacou Fausto Gouveia, economista da Legan Asset.
No cenário externo, os líderes do G-8 encerraram seu encontro pedindo o crescimento econômico da zona do euro e reforçando a manutenção do bloco. E a China está dando sinais de que vai reaquecer a economia.
- Isso mostra que a China está mais preocupada com o crescimento da economia, deixando para trás o controle rigoroso sobre a inflação - disse Darwin Dib, da CM Capital Markets.
O mercado também esperava por novas medidas de estímulo aqui no Brasil- que foram anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, após o fechamento do pregão.
Os papéis de maior peso no Ibovespa fecharam todos no campo positivo. Além de Itaú Unibanco e PDG, subiram bem as ações de Vale PNA (3,22%), Petrobras PN (6,97%) e OGX Petróleo ON (7,02%).
- Qualquer notícia positiva da China reflete nos papéis da Vale e das siderúrgicas. E o Banco Central do Japão, que se reúne terça e quarta-feira, trará novas medidas de estímulo, provavelmente ampliando o programa de compra de ativos. Tudo isso fez as Bolsas mundiais subirem - disse o economista Darwin Dib, da CM Capital Markets.
Em alta, a moeda americana chegou a R$ 2,050 na máxima do dia e a R$ 2,021, na mínima. No mês, o dólar subiu 7,3%, e 9,52%, no ano. Ao contrário do que aconteceu na sexta-feira, quando houve a venda de contratos de swap cambial, ontem o BC não interveio no mercado. No câmbio, operadores disseram que os investidores testaram novamente o Banco Central:
- O mercado levou o dólar até R$ 2,050, tentando saber em qual cotação o BC entraria vendendo moeda americana. Mas isso não aconteceu. No mercado de câmbio à vista, não há falta de liquidez, já que os bancos estão comprados em mais de US$ 5 bilhões. O giro financeiro desta segunda-feira ficou em US$ 1,7 bilhão. A impressão é que falta liquidez no mercado futuro e, por isso, o BC vendeu contratos de swap cambial na sexta-feira passada - avaliou Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora.
Índice Dow Jones
subiu mais de 1%
Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar para junho tinha valorização de 1,28% e era negociado a R$ 2,053. Segundo João Medeiros, sócio da corretora Pionner, a alta no mercado futuro está puxando o mercado à vista.
Num dia de poucos indicadores econômicos, as principais bolsas fecharam em alta na Europa: Paris, subiu 0,64%; Frankfurt, avançou 0,95% e Londres, 0,70%. Na Bolsa de Madri, houve queda de 0,65%. Índices acionários dos EUA também subiram: Dow Jones ganhou 1,09%, S&P 500 subiu 1,60% e Nasdaq, 2,46%, apesar de as ações do Facebook terem despencado 11,04%. O índice de atividade do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Chicago saiu de -0,44 em março para +0,11 em abril e também contribuiu para a alta.