Apenas dois pregões após testar a importante resistência do nível de 52 mil pontos, cuja superação poderia confirmar a tendência de alta da Bovespa, segundo os analistas gráficos, a bolsa brasileira veio abaixo ontem e fechou em cima do suporte de 50 mil pontos.
O motivo para a montanha russa na bolsa foi o agravamento das tensões geopolíticas após o uso de armas químicas pela Síria, o que levou os investidores a fugirem dos ativos de risco, buscando segurança no ouro e nos títulos do Tesouro americano.
O Ibovespa fechou o pregão com desvalorização de 2,60%, aos 50.091 pontos, próximo da mínima do dia, de 50.017 pontos. O volume somou R$ 7,321 bilhões. "O mercado está vivendo um momento de pânico", avalia o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. "Os investidores estão aproveitando para realizar a alta recente da Bovespa, especialmente nas exportadoras, que foram beneficiadas pelo avanço do dólar." Galdi diz acreditar que o mercado deverá ajustar os exageros nos próximos dias, conforme "a poeira baixar" no Oriente Médio.
O analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, afirma que a Bovespa ficará mais sensível às oscilações do mercado externo, especialmente se petróleo e dólar continuarem subindo. "O mercado vem de um rali desde os 49.670 pontos até os 52.200. Agora que cumpriu esse objetivo, temos espaço para realizações intermediárias", afirma o analista.
"A primeira aconteceu hoje [ontem], nos 50.000 pontos. O próximo objetivo está nos 47.200, onde [o gráfico] deverá sugerir um "pullback" [reversão] para retomada da tendência de alta." Segundo o especialista gráfico, a preocupação de curto prazo é a perda do nível de 47.200 pontos, o que comprometeria a tendência de alta e deixaria o mercado mais frágil.
Entre as ações mais negociadas, OGX ON perdeu 14,81%, para R$ 0,70; Petrobras PN recuou 4,06%, a R$ 17,45; e Vale PNA caiu 1,45%, a R$ 31,73. Petrobras sofreu com a perspectiva de disparada do petróleo e do dólar, o que agrava ainda mais a defasagem de preços dos combustíveis no mercado doméstico. A falta de sinalização do governo em favor de um reajuste da gasolina, contrariando as especulações da semana passada, também pesou contra o papel.
Já as ações da OGX reagiram à desistência da empresa de nove blocos ganhos na 11ª Rodada de Licitações da ANP. Em relatório enviado aos clientes, o Deutsche Bank alertou que, sem o pagamento da venda de 40% no campo de Tubarão Martelo para a Petronas, suspenso devido à reestruturação da dívida do grupo X, a OGX pode ficar sem caixa ao longo do terceiro trimestre.
O analista Marcus Sequeira acha difícil de acreditar na justificativa dada pela OGX para desistir dos blocos. A direção da petroleira teria decidido "reavaliar a estratégia de exposição a novos riscos regulatórios". Sequeira lembrou ainda que resta à OGX exercer a opção de venda de US$ 1 bilhão em ações contra seu controlador - Eike Batista -, ao preço de exercício de R$ 6,30 por ação.
Outra empresa do grupo, o estaleiro OSX ON (-20,8%), também afundou. Eike Batista informou que venderá US$ 50 milhões em ações da OSX para injetar os recursos na empresa. LLX ON (-4,65%) e MMX ON (-5,09%) também tiveram baixas expressivas.