O Brasil foi o terceiro país emergente que mais captou recursos no exterior neste ano até agora. Foram US$ 35 bilhões levantados, conforme a provedora de dados sobre o mercado Dealogic, com sede em Londres. No entanto, a tensão na Europa volta a afetar o cenário.
Somente a China, com captações de US$ 123,6 bilhões, e a Coreia do Sul, com US$ 55,3 bilhões, fizeram emissões maiores que as do Brasil. Companhias brasileiras captaram três vezes mais que as do México, por exemplo.
No total, os países emergentes já captaram US$ 412,6 bilhões no exterior neste ano, de acordo com a Dealogic. O volume é 28% superior ao verificado no mesmo período de 2011.
Empresas brasileiras com grau de investimento emitiram títulos de dívida no valor total de US$ 25,9 bilhões. O segmento de companhias de alto rendimento e alto risco ("high yield") conseguiu captar US$ 4,4 bilhões. Os títulos soberanos ficaram em US$ 2,6 bilhões.
Inquietos com os riscos de calote da Grécia e a piora da situação econômica na Europa, mais recentemente os investidores voltaram a correr para ativos considerados mais seguros, como o dólar e os títulos do Tesouro americano.
"O risco de súbita reversão nos fluxos de capital para alguns emergentes precisa ser monitorado", afirma o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que reúne os maiores bancos do mundo.
O IIF exemplifica que modalidades como as de "project finance" e créditos estruturados de longo prazo tornaram-se "menos disponíveis" para vários países emergentes nos últimos meses.
De acordo com levantamento feito pela Dealogic, captações via "project finance" e linhas de financiamento ao comércio ("trade finance"
A Malásia poderá ser o país mais vulnerável a essa súbita reversão nos fluxos de capital, além de Colômbia, Turquia e Polônia.
Por outro lado, tem aumentado o interesse internacional nos mercados de títulos de dívida local na Ásia. Ao mesmo tempo, a situação ficou mais complicada para os países em que mais de metade da dívida soberana é detida por investidores estrangeiros, casos da Hungria, da Indonésia e da Romênia.
Depois do volume recorde de emissões de títulos verificado no mundo todo no primeiro trimestre, as emissões declinaram para todos os países nas últimas semanas por causa do recrudescimento das tensões em torno da economia europeia.
Em termos globais, as operações de "project finance" recuaram de mais de US$ 400 bilhões, no ano de 2011, para cerca de US$ 60 bilhões captados neste ano até agora.
O volume de novas emissões feitas por empresas também desacelerou para uma média global de US$ 138 bilhões em abril, em comparação com a média mensal de US$ 296 bilhões no primeiro trimestre, segundo dados da agência de classificação de risco Standard & Poor"s.