Mesmo com a alta do dólar, despesas com viagens ao exterior em agosto ficaram em US$ 2,2 bilhões, número recorde para o mês
Os gastos dos brasileiros com viagens ao exterior bate" ram recorde .mais uma vez no mês passado, embora o dólar tenha acumulado alta de 4,6% no mês e de 16,5% de janeiro a agosto. Segundo dados do Banco Central, as despesas com viagens fecharam em US$ 2,2 bilhões, o maior volume para meses de agosto, O valor também é recorde no acumulado do ano, quando foram gastos US$ 16,8 bilhões,
Dos US$ 2,2 bilhões de agosto, U5$ 1,2 bilhão foi gasto com turismo e 11$ 920 milhões com cartão de crédito. O BC não consegue separar a proporção entre compras presenciais e as feitas por sites. Pela metodologia que a instituição utiliza, qualquer bem ou serviço adquirido na condição de viajante, seja a turismo ou a negócios, é computado como despesas com viagens. Além da hospedagem, alimentação e transporte no exterior, todos os outros gastos são incluídos nesse item.
O chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que a instituição havia percebido um ensaio de moderação desses gastos quando .0 dólar começou o movimento de alta, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) indicou, em maio, que reduziria os estímulos à economia. No entanto, assim como não houve retirada dos estímulos, também não foi caracterizada moderação dos gastos dos brasileiros.
Emprego e renda. O economista do BC diz que, embora seja percebida uma reação das despesas com viagem à alta do dólar, ela. nem sempre se mostra imediata, já que as pessoas planeiam com antecedência esses gastos, Maciel reiterou que o aumento dos gastos no exterior está atrelado à valorização da renda nos últimos anos e aos números positivos no mercado de trabalho.
Por outro lado, as despesas dos turistas estrangeiros no Brasil ficaram praticamente no mesmo patamar do ano passado, apesar de eventos como a Copa das Confederações e a Jornada da Juventude, que teoricamente atrairiam os estrangeiros e seus gastos, De acordo com o BC, no acumulado do ano, as receitas da conta de viagens somaram US$ 4,5 bilhões, ligeiramente inferior ao que as pessoas de outros países deixaram aqui em 2012,
No vermelho. A diferença entre o que os brasileiros deixaram lá fora e o que os estrangeiros gastaram aqui resultou no déficit de US$ 12,2 bilhões no acumulado de janeiro a agosto, valor recorde para o período. Em 2012, essa conta estava no vermelho em US$ 10 bilhões nesse período.
Os dados parciais de setembro não mostram moderação nos gastos. Até o dia 20, o déficit da conta de viagens já era de US$ 1,2 bilhão, ante US$ 1,7 bilhão em todo o mês de agosto. Os turistas estão encontrando dólar mais barato, depois do programa do BC brasileiro de oferta de leilões de swap cambial - que equivalem à venda de dólares no mercado futuro - e de leilões com compromisso de recompra. Segundo a instituição, o real teve valorização de mais de 10% depois do lançamento do programa.
Com esses números e fatos, o Banco Central reviu para cima a projeção do déficit na conta de viagens, de US$ 16,7 bilhões para U5$ 17,2 bilhões em 2013. Se concretizada a estimativa, o ano fechará com o maior saldo vermelho nesse item. Em 2012, esse déficit foi de US$ 15,6 bilhões.
Saída de dólar já supera entrada
O saldo cambial total acumulado em 2013 - diferença entre entradas e saídas de divisas do País - ficou negativo em US$ 1,022 bilhão até o dia 20. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, o País viu evaporar nada menos do que US$ 3,260 bilhões este mês até sexta-feira. Nos oito primeiros meses do ano o resultado ainda estava positivo em US$ 2,238 bilhões,