Por pouco o Ibovespa não perdeu o piso dos 56 mil pontos ontem, pressionado pela baixa das ações da Vale e de OGX, dois dos três papéis de maior peso no índice. Entre as ações mais negociadas, apenas Petrobras fechou no azul, mas a valorização dos ativos da estatal perdeu força ao longo da tarde.
Na avaliação do estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, a mudança no sinal da bolsa brasileira, que descolou completamente de suas pares em Wall Street, reflete a cautela dos investidores antes da divulgação do PIB do primeiro trimestre, que será conhecido na manhã desta quarta-feira. "O mercado quer ver se o Brasil entrou nos trilhos ou não. Além disso, o número do PIB deverá balizar a decisão do Copom, à noite", afirma Galdi.
"O fato é que o PIB engessou a Bovespa", disse o analista, observando que, se o número for um "pibinho", muito abaixo da estimativa média de 1% de crescimento em relação ao quarto trimestre esperada pelo mercado, a bolsa poderá voltar a cair hoje.
O Ibovespa terminou em baixa de 0,63%, aos 56.036 pontos, com giro de R$ 6,403 bilhões. Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN reduziu a alta de 2% do início do dia, mas ainda terminou com ganho de 0,65%, para R$ 20,07, e volume de R$ 557 milhões, o maior do dia. Mas foi o papel ON da estatal que se destacou, com ganho de 1,99%, para R$ 18,92, registrando o quinto maior giro do dia, de R$ 188 milhões.
Segundo operadores, a ação ON reduziu a diferença (spread) em relação ao preço da PN para a casa dos 6%. A diferença chegou a ser de mais de 15% poucos dias após a estatal anunciar a diferenciação nos dividendos dos dois papéis, com pagamento menor às ações ON. A medida foi adotada para aliviar a pressão sobre o caixa da companhia em um momento de grandes desembolsos à frente por causa dos investimentos no pré-sal.
Um analista que acompanha os papéis da Petrobras acredita que a redução do spread reflete uma avaliação do mercado de que o caixa da companhia poderá se recuperar antes do que se imaginava, o que permitiria à empresa voltar a distribuir dividendos iguais para as duas classes de ações. Nas contas desse especialista, que assume a retomada dos dividendos iguais no prazo de dois anos, o spread deveria estar na casa de 10%.
De notícia concreta sobre Petrobras, apenas o fato dela ter quebrado na segunda-feira um novo recorde no refino de petróleo. O fato é positivo, uma vez que a empresa tem adotado medidas para ampliar a produtividade de suas refinarias e assim reduzir seus custos com importação de combustíveis.
Já as empresas "X", controladas por Eike Batista, ficaram entre as maiores baixas, após uma onda de notícias negativas envolvendo o grupo. OGX ON afundou 5,14%, MMX ON perdeu 8,96%, LLX ON caiu 3,55%, OSX ON recuou 6,13%, e MPX ON teve baixa de 3,26%.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) multou 27 empresas que atuam na construção do Porto do Açu, empreendimento da LLX. OSX ainda sofre com o cancelamento, na sexta-feira (24), de um contrato avaliado em US$ 732 milhões para construção de 11 navios-tanque para a inglesa Kingfish. Outra empresa de Eike, não listada em bolsa, também sofreu revés. A Justiça Federal do Rio anulou o contrato de concessão da Marina da Glória ao grupo EBX.