O dólar recuou levemente ontem ante o real, interrompendo seis altas seguidas, após o Banco Central (BC) alterar medida sobre pagamento antecipado de exportações e o anúncio de novo leilão de swap cambial tradicional hoje - venda futura da divisa norte-americana. O dólar teve variação negativa de 0,07%, cotado a R$2,0762 na venda.
Pela manhã, o dólar ensaiava mais um dia de alta, até que o BC realizou leilão de 60 mil contratos de swap e anunciou novo leilão para hoje, totalizando R$ 6 bilhões, além da retirada de uma trava no financiamento de curto prazo das exportações, o que fez o dólar reverter para o vermelho. O BC vai permitir que os exportadores captem recursos no exterior, com prazo de até um ano, com outras fontes. Até agora, era permitido que esse crédito fosse acessado apenas com o importador. Isso abre a porta para maior entrada de recursos externos no Brasil.
"Obviamente tem um canal importante no fluxo", afirmou o secretário executivo do Banco Central, Geraldo Magela Siqueira. "Achamos importante que esse canal volte. Isso barateia e facilita o financiamento das exportações", disse ele.
O BC resolveu atuar após o dólar chegar a subir mais de 1% e chegar a R$ 2,10. A moeda não atingia esse patamar desde 23 de maio.
A movimentação nas operações de câmbio ainda é uma incógnita, na avaliação do economista da consultoria Tendências, Bruno Lavier. Ele lembrou que esse movimento atípico vem desde quarta-feira, uma vez que o Banco Central está vendendo todos os dólares que despeja no mercado e essa procura deverá continuar hoje quando ele deverá colocar novamente mais US$ 3 bilhões. "A demanda está acelerada. Antes, o BC conseguia vender de 30% a 40% do volume que ofertava. É um sinal de que está precisando de dólar. Os operadores (bancos ou empresas) devem estar comprando dólar porque algum contrato grande deve estar para vencer", aposta o analista.
Os servidores do Banco Central fizeram uma paralisação de 24 horas, ontem, para reivindicar o reajuste salarial da categoria. A mobilização afetou sete regionais e foi mais intensa no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os sindicalistas divulgaram que no Rio a adesão chegou a 85% e em São Paulo, a 50%. Devido à greve, os técnicos responsáveis por monitorar o mercado de capitais tiveram de usar os computadores da Associação Brasileira das Entidades de Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), pois o prédio do BC na capital fluminense foi fechado pelos manifestantes.