Os investidores continuam à espera de motivos para voltar às compras na bolsa brasileira. E a apatia que tomou conta da Bovespa ontem mostra bem isso. O volume negociado foi típico de feriado em algum mercado internacional relevante - o que, de fato, não ocorreu em lugar algum.
Depois de uma semana carregada de eventos e indicadores, inclusive com a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), os investidores estão de molho, aguardando a safra de balanços do segundo trimestre, que terá nesta semana empresas relevantes, como Vale, amanhã, e Petrobras, na sexta.
"O volume foi ridículo", resumiu um operador, ao apontar que a bolsa brasileira não conseguiu girar sequer R$ 5 bilhões ontem. O giro ficou abaixo inclusive da fraca média diária de R$ 6 bilhões registrada em julho, que por sua vez foi 32,5% menor que os R$ 8,9 bilhões diários movimentados em junho. A falta de negócios se refletiu no comportamento do Ibovespa, que oscilou pouco e terminou praticamente estável.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,08%, aos 48.436 pontos, com giro de R$ 4,607 bilhões. Entre as ações de maior peso no índice, Vale PNA subiu 1,19%, para R$ 28,73; Petrobras PN caiu 0,95%, a R$ 16,65; e OGX ON terminou em alta de 1,69%, a R$ 0,60.
Reportagem publicada pelo "Financial Times" informou que um grupo de investidores minoritários está se preparando para entrar com medidas legais contra Eike Batista. O grupo acusa Eike de ter usado informação privilegiada para vender 56 milhões de suas ações na OGX por R$ 75,4 milhões entre os dias 7 e 13 de junho.
A venda foi feita 15 dias antes de a OGX anunciar que estava suspendendo o desenvolvimento de seus três poços produtores de petróleo. O anúncio fez com que as ações recuassem 35%.
A lista de maiores altas trouxe Oi ON (5,04%), Oi PN (4,50%) e Marfrig ON (2,74%). Segundo analistas, as ações da operadora de telefonia reagiram a relatórios do Bank of America Merrill Lynch e do Barclays afirmando que a Portugal Telecom poderá vender ativos na África e obter recursos para uma eventual injeção de capital na Oi.
Hypermarcas ON (1,93%) subiu após divulgar lucro de R$ 19,3 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 30 milhões no mesmo período de 2012. O resultado veio acima do esperado por analistas, que previam prejuízo de R$ 15 milhões, devido ao impacto do câmbio na dívida. As principais baixas foram BR Malls ON (-3,62%), B2W ON (-3,19%) e Banco do Brasil ON (-2,63%).
Na agenda externa, o dado mais relevante foi o de atividade do setor de serviços (ISM) dos Estados Unidos, que veio mais forte do que o esperado. O indicador subiu para 56 pontos em julho, ante previsão de 53,5 pontos. O dado abriu espaço para realização de lucros nas bolsas em Wall Street, uma vez que indicadores positivos reforçam a chance de o Fed reverter os estímulos monetários em vigor.
A nova revisão para baixo das perspectivas para a economia brasileira também pesou contra a bolsa. A mediana das projeções de cerca de cem analistas para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) na pesquisa Focus, do Banco Central, recuou de 2,28% para 2,24%.
O economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, disse que a constante revisão das estimativas é muito negativa para a Bovespa. Outro fator que pesa contra é a alta do dólar, que, por sua vez, puxa os juros para cima e tira a atratividade da bolsa.