Após sustentar leves ganhos durante a tarde de ontem, o dólar acelerou a alta ante o real após a divulgação do comunicado de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), na reta finai dos negócios. O fortalecimento do dólar ocorreu em todo o mundo, com os investidores avaliando que o Fed manteve sobre a mesa a possibilidade de iniciar, em dezembro, a redução de seus estímulos à economia. Com isso, o dólar à vista negociado no balcão terminou a sessão em alta de 0,64% ante o real, a R$ 2,1950. O que disparou a busca pela moeda americana foi o fato de o Fed ter eliminado, no documento divulgado após a reunião de política monetária, a referência ao aperto das condições financeiras. Anteriormente, o Fed havia citado um aperto das condições, em um cenário de alta das taxas dos Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA). Agora, sem esta referência, a instituição parece enxergar um cenário mais positivo. Isso mantém a possibilidade de o Fed começar, ainda em 2013, a redução de seus estímulos econômicos - o que se traduziria em menos dólares no sistema financeiro e, portanto, pressão de alta para a moeda americana.
Após o comunicado do Fed, as taxas dos Treasuries, que vinham em queda, passaram a subir e as bolsas de Nova York aprofundaram um pouco suas perdas. O índice Dow Jones termine com baixa de 0,39%, aos 15.618,76, pontos, o S&P 500 cedeu 0,49%, para 1,763,31 pontos, e o Nasdaq caiu 0,55%, a 3.930,62 pontos.
A Bovespa, que já oscilava em baixa, também acelerou a queda após o Fed e chegou a flertar com os 53 mil pontos. Certa desaceleração das perdas foi percebida posteriormente quando, nos minutos finais do pregão, a OGX entrou com seu pedido de recuperação judicial. As ações da companhia, que já desabavam, terminaram o dia com baixa de 26,09%, levando o Ibovespa a cair 0,67%, aos 54.172,82 pontos. Petrobrás ON subiu 0,48% e Petrobrás PN teve alta de 1,27%. No caso da Vale, o papel ON cedeu 0,34% e o PNA avançou 0,37%.
Com a virada para cima das taxas dos Treasuries e a aceleração dos ganhos do dólar, as taxas dos contratos futuros de juros também mudaram de direção. Após caírem devido à inflação mais fraca registrada pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) em outubro, as taxas passaram a mostrar pequenos ganhos com o Fed, reforçando as projeções de que podem haver mais duas elevações consecutivas de 0,50 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros da economia), em novembro e janeiro. Atualmente, a Selic está em 9,50% ao ano. Ontem, a taxa do contrato futuro de juros para janeiro de 2017 ficou em 11,33%, ante 11,31% de terça-feira.