A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu ontem os processos de revisão tarifária das distribuidoras, que podem diminuir os descontos projetados pelo governo nas contas de luz. A presidente Dilma Rousseff antecipou para a semana passada a desoneração de pelo menos 18% na tarifa residencial e de até 32% para a indústria. Além de ajudar a conter a disparada da inflação em fevereiro, o esforço visava fazer os aumentos ou quedas previstos para março incidirem sobre uma tarifa menor. Apesar disso, concessionárias prometem brigar por reajustes maiores e analistas colocam em dúvida a meta de redução média de 20,2% anunciada pelo Planalto.
Os especialistas lembram que a energia vem ficando mais cara desde outubro, quando começaram a entrar em operação usinas termelétricas, que geram eletricidade a um custo mais elevado. Isso terá reflexos no bolso dos consumidores nos próximos meses. “Acreditamos que o corte médio das tarifas será menor do que o desejado pelo governo e ficará entre 12% e 14%”, comentou Carlos Faria, presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace). Com a perspectiva de que as térmicas continuem acionadas até abril, ele aposta numa “paulada” nas contas de 2014.
A Aneel aprovou reajuste médio de 4,53% paras as tarifa da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), sendo 14,42% de alta para indústria e queda de 1,94% para residências. A revisão tarifária da Cemat (MT) teve corte médio de 2,43% para os consumidores, e o da Enersul (MS), recuo de 3,67%.
Para a Cemig (MG), o reajuste foi 6,36% na média, sendo desconto de 2,5% para a indústria e alta de 11,23% para as residências. O índice das famílias foi alto devido ao aumento da energia térmica. A revisão tarifária ocorre a cada quatro anos e tem o objetivo de repassar aos consumidores ganhos com produtividade. A Aneel também faz o reajuste anual nas tarifas, considerando, entre outros fatores, a inflação.