O ritmo lento da economia continua afetando negativamente os indicadores de emprego, ao mesmo tempo que a inflação corrói a renda do trabalhador. A taxa de desocupação apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas subiu para 5,7% em março, ante 5,6% no mês anterior. A terceira alta mensal seguida colocou o indicador no maior nível desde junho de 2012, com uma elevação acumulada desde dezembro (4,6%) acima de um ponto percentual.
Segundo o IBGE, o crescimento do desemprego se deve tanto à redução nas contratações quanto ao aumento da população em busca de trabalho. São Paulo foi a região que mais pesou nos resultados. “Temos de ser otimistas. Os números oficiais do emprego serão melhores em abril, e os investimentos nacionais e estrangeiros em grandes projetos no país continuarão gerando oportunidades”, afirmou ao Correio o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
A pesquisa revelou ainda que os rendimentos médios recuaram 0,2% em relação a fevereiro, ao atingir R$ 1.855,40, já afetados pela disparada da inflação. Em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 6,59% em 12 meses, superando o teto da meta oficial, de 6,5%. “Isso reflete a perda do poder de compra do trabalhador”, observou Cimar Azeredo, gerente do IBGE..
Os destaques negativos, no mês passado, foram a queda acentuada (-2,3%) dos ganhos de empregados no setor público e a estagnação nos aumentos salariais dos empregados domésticos (0,4%), afetados pelas indefinições causadas pela lei que aumenta os benefícios da categoria, aprovada no mês passado. O ministro Manoel Dias, porém, está convicto de que o problema com os domésticos é passageiro. “Não acredito que esse natural tempo de ajustes provocará perdas para esse grupo no futuro”, afirmou.
Apesar do crescimento do desemprego, os técnicos do IBGE ressaltam que avanços na formalização de mão de obra no segundo semestre do ano passado permitiram que o indicador de março fosse o mais baixo para o mês desde 2002, quando a pesquisa teve início. Cimar Azeredo, explicou que há uma tendência natural de queda do emprego no primeiro trimestre em razão das dispensas de temporários após as festas de fim de ano. “A economia não reage e não se aumenta a força de trabalho”, resumiu.