O mercado de câmbio local também não escapou dos efeitos da passagem do furacão Sandy pelos Estados Unidos. Quebrando o marasmo de ligeiras variações diárias das últimas semanas, o dólar fechou a segunda-feira a R$ 2,033, alta de 0,3%, o maior ganho desde 9 de outubro.
Sem a liderança americana, o câmbio no Brasil acompanhou a valorização do dólar no mundo. A alta no exterior foi alimentada pela busca de investidores por proteção, em meio a especulações sobre o tamanho da devastação que Sandy pode causar em solo americano. "[O mercado dos EUA fechado] acaba atrapalhando os negócios em todo o mundo, e o pessoal se recolhe um pouco mais para o dólar, por questão de segurança", disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Amanhã [hoje] deve ser a mesma coisa, com o mercado americano fechado de novo."
Com a alta de ontem, o dólar volta a ser negociado acima de R$ 2,03, considerado pelo mercado como o ponto de equilíbrio da banda cambial imposta pelo Banco Central ao câmbio nos últimos meses. Nesse nível, ficam praticamente descartadas novas intervenções da autoridade monetária, que semana passada foi bem sucedida em rolar US$ 2,99 bilhões em contratos de swaps cambiais reversos que venceriam em novembro.
Agora, o BC tem cerca de US$ 3,1 bilhões desses contratos, que têm o efeito de uma compra de dólar futuro, vencendo em dezembro. Segundo operadores, esses papéis também podem ser rolados a qualquer momento para defender o piso de R$ 2 da banda cambial. Abaixo de R$ 2,02, o mercado considera que aumentam significativamente as chances de novas intervenções.
"O BC agradece essas valorizações acompanhando o mercado externo, pois vê o dólar subir sem que tenha de intervir no mercado", disse Galhardo, da Treviso.
Já as taxas de juros negociadas na BM&F fecharam estáveis após cinco sessões seguidas de quedas sem que a fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em evento em Porto Alegre, ou as contas públicas do governo divulgadas pelo Tesouro Nacional tivessem impacto relevante nas decisões dos investidores.
O boletim semanal Focus divulgado ontem pelo BC com as projeções do mercado para a economia mostra que a mediana de expectativas para a Selic no fim de 2013 recuou de 8% para 7,75%. Mas no grupo dos "top 5" de médio prazo, os que mais acertam, as apostas são de manutenção dos juros, em 7,25%
Hoje as atenções se voltam para o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) da Fundação Getulio Vargas (FGV). A média das projeções de dez consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data estima que o indicador deve subir 0,10% ante 0,97% em setembro. O índice é usado para reajustar contratos, tem peso relevante do câmbio e, por tudo isso, é monitorado de perto pelos analistas que buscam evidências de pressões inflacionárias futuras.