O dólar completou o quarto pregão seguido de baixa e nesse período acumula queda de 4,66%. A moeda não recuava por quatro pregões consecutivos desde a passagem de janeiro para fevereiro.
Mesmo com esse firme ajuste, o real ainda é destaque mundial de baixa em relação ao dólar no acumulado do ano, considerando uma cesta com moedas emergentes e desenvolvidas.
Ontem, os feriados em Londres e Nova York resultaram em baixo volume de negócios. O giro estimado para o interbancário ficou em US$ 1,1 bilhão, cerca de metade do considerado normal.
O dólar comercial caiu 0,60% e fechou a R$ 1,983 na venda.
Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar para junho cedeu 0,07%, a R$ 1,9845.
A queda no mercado à vista foi mais acentuada, pois a cotação estava descolada do preço futuro, que caiu forte no fim da sexta-feira, quando o mercado à vista já tinha encerrado negociações.
Segundo o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o mercado segue na mesma toada da semana passada, principalmente do pregão de sexta-feira, que contou com um leilão "surpresa" de swap cambial (venda de dólar no mercado futuro) do Banco Central (BC). A atuação aconteceu cedo, por volta das 10 horas, e com o mercado sem grandes variações de preço.
"O BC mostrou para o mercado que os exageros têm de ser controlados", diz.
Segundo Galhardo, a subida de preço do dólar aconteceu de forma muito rápida, com a volatilidade avançando muito mais do que a efetivação de negócios. Isso mostrava a zeragem de posições no mercado futuro.
Fora isso, diz o gerente, o mercado recebeu dados confirmando firme saída financeira de dólares do país. No acumulado de maio até o dia 22, a conta financeira do fluxo cambial estava negativa em US$ 5,144 bilhões, pior resultado já registrado desde dezembro de 2008.
De acordo com Galhardo, essa forma mais incisiva de participação do BC no mercado, tanto na queda quanto na alta do dólar, assusta os investidores, principalmente os estrangeiros, que começam a achar que isso é mais um sinal de ingerência do governo na economia.
Esse receio do investidor estrangeiro com o Brasil, que perdeu o posto de queridinho do capital internacional, já foi abordado pela revista "The Economist", o jornal "The Wall Street Journal", a revista "Foreign Affairs" e por algumas casas de investimento como o Barclays.
Conforme os prêmios pagos pelo país deixam de ser gordos o suficiente para eclipsar qualquer outra questão, as análises de investimento ficam mais críticas e saltam aos olhos o baixo potencial de crescimento, o elevado custo da mão obra, o caótico sistema tributário - todos pontos comuns nas matérias dos veículos supracitados - e, agora, um governo bastante ativo no câmbio, nos juros e no crescimento.
Algumas análises apontam que países do leste europeu são boa alternativa. Apesar de mercados menos desenvolvidos, o crescimento por lá estaria em melhor momento, mesmo com os riscos provenientes dos vizinhos da zona do euro. Interessante que os concorrentes são os mesmos de sempre - voltam a circular nomes como Polônia e Turquia.