O dólar comercial fechou em alta, voltando a ser cotado acima de R$ 2, com o mercado "corrigindo" o câmbio após o real se valorizar mais que outras moedas de perfil semelhante em relação à divisa americana. O avanço, de 0,30%, levou o dólar a R$ 2,005. Ainda assim, o mercado mantém a aposta em novas baixas da moeda americana no curto prazo, na esteira da entrada de recursos de estrangeiros que participaram das recentes vendas iniciais de ações de empresas brasileiras.
Entre quarta e sexta-feiras, o dólar caiu 1,24% ante o real. Moedas de perfil semelhante ao real, como o dólar australiano, porém, tiveram desempenho menos expressivo. A moeda americana fechou o período com baixa de 0,7% ante a australiana. Ontem, enquanto o dólar subiu ante o real, registrou nova queda de 0,7% em relação à divisa da Austrália. Segundo operadores, esses movimentos representam uma correção do câmbio brasileiro, que se apreciou demais ante o dólar em comparação a seus pares nos últimos dias.
A expectativa predominante no mercado, entretanto, continua sendo de novas baixas do dólar. Apenas o IPO da BB Seguridade, realizado na quinta-feira à noite, deve injetar entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões no país nos próximos dias. Segundo alguns profissionais, a pressão de baixa, entretanto, já foi em parte antecipada e, portanto, não deve ser forte o suficiente para ameaçar o patamar de R$ 1,95, que o mercado acredita ser o piso da banda cambial informal do Banco Central.
"Esperamos valorização do real ante o dólar nesta semana, na esteira de melhoria na margem da situação política italiana e perspectiva de melhora do fluxo cambial doméstico", disse Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners.
Hoje, há ainda a expectativa pela briga entre vendidos e comprados em derivativos cambiais, que tentarão influenciar a formação da Ptax que servirá de referência para o vencimento desses papéis. A taxa será definida às 13 horas.
"O dólar está subindo hoje [ontem] para cair amanhã [hoje] de novo", disse um especialista em câmbio, prevendo que a cotação opere em baixa durante a manhã, período em que o BC fará a coleta das taxas que servirão de base para o cálculo da Ptax. "Tem um "game" de Ptax ainda para acontecer amanhã. Depois de fechada a taxa, pode ser que [o dólar] volte a subir, mas nada muito forte."
As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em baixa. Os contratos já abriram em queda respondendo ao IGP-M apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em abril, de 0,15%, ante 0,21% em março e o 0,20% que era a média projetada pelos analistas ouvidos pelo Valor Data.
Depois do IGP-M, o Banco Central divulgou o boletim Focus, na primeira pesquisa após a divulgação da ata do Copom, documento publicado na quinta-feira passada com as justificativas da autoridade monetária para a decisão de elevar a Selic em 0,25 ponto percentual. A mediana das estimativas seguiu em 8,25% para o fim de 2013, mas para dezembro de 2014 a projeção caiu de 8,50% para 8,25%.
A abertura mensal das estimativas revela que o ciclo de ajuste prosseguirá de maneira comedida, com ajustes de 0,25 ponto percentual em maio, julho e agosto. Para profissionais de mercado, embora os integrantes do Copom tenham admitido um quadro de preocupação com a inflação, na leitura da ata prevaleceu a percepção de que a condução da política monetária se dará de maneira comedida.