Depois da pausa da sexta-feira, os compradores voltaram a ditar o rumo do mercado de câmbio. Mas o fenômeno não foi local. A piora de humor foi generalizada na segunda-feira depois que os indicadores de atividade (PMI, na sigla em inglês) decepcionaram na China, na Alemanha e na zona do euro.
Por aqui, o giro estimado para o interbancário ficou em US$ 1,5 bilhão, e o Banco Central (BC) não veio tomar moeda no mercado à vista. Postura diversa daquela observada na semana passada, quando dólar em alta não foi barreira aos leilões de compra. No entanto, os volumes observados no período foram mais robustos. Percepção a ser confirmada nesta quarta-feira, com a atualização dos dados sobre o fluxo cambial.
Depois de bater a máxima a R$ 1,892 (+1,18%), o dólar comercial encerrou o dia com alta de 0,70%, a R$ 1,883 na venda, maior cotação desde o fim de novembro do ano passado. Como curiosidade, se o dólar fechar acima de R$ 1,90, volta a um preço não visto desde 1º de setembro de 2009.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar com vencimento em maio apontava valorização de 0,31%, valendo R$ 1,882, antes do ajuste final. Na máxima, a moeda foi a R$ 1,8945 (+0,99%).
Pela análise gráfica do Nomura, a linha a ser observada é o R$ 1,893. Superado tal patamar, o dólar buscaria o R$ 1,920 (máxima de novembro) e, posteriormente, o R$ 1,976.
Captando o tom negativo que marca a abertura da semana, o VIX, que mede a volatilidade das opções na bolsa americana e é visto com um termômetro do medo do mercado, subiu 9%, e fechou aos 19 pontos.
Na máxima, o índice passou dos 20 pontos, disparando 15%. Em meados de março, o mesmo VIX estava próximo dos 14 pontos, menor leitura desde 2007. Ilustrando a elasticidade desse índice, em novembro do ano passado ele chegou aos 40 pontos.
De volta ao front, local, as mesas de operação de câmbio observam também as ofertas de ações que acontecem nesta semana. Destaque para a abertura de capital do BTG Pactual, que pode movimentar US$ 1 bilhão em capital externo pelas estimativas de alguns operadores.
No mercado de juros futuros, as taxas de curto prazo tiveram um breve ajuste de alta depois do tombo da semana passada.
Nas mesas, as versões para tal movimentação ficaram entre a correção técnica - afinal de contas, nada mais saudável do que embolsar os ganhos recentes - e a formação de expectativas mais cautelosas com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de abril, que sai nesta terça-feira.
Algumas projeções sugerem uma repetição da leitura de março, ao redor de 0,25%, mas algumas casas destoam e trabalham com estimativa ao redor de 0,40%, algo que se confirmado poderia perpetuar o breve ajuste de alta. No entanto, mesmo que o dado mensal piore, a inflação em 12 meses seguirá apontando para baixo e a comunicação oficial do BC dá mais ênfase a essa dinâmica.
Na semana passada, as taxas futuras desabaram e toda a curva fez novas mínimas históricas depois que o comunicado pós-decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi interpretado como uma "porta aberta" para novas reduções na Selic, atualmente fixada em 9% ao ano. A ata do Copom, que sai na quinta-feira, deve alinhar melhor essas expectativas.