O Boletim Focus desta semana apontou uma piora nas expectativas de inflação pelos Índices Gerais de Preços (IGPs), que acompanham, além do varejo, a evolução dos preços no atacado e na construção. As previsões mais elevadas, dizem economistas, refletem a recente alta do dólar, que nos últimos dias chegou aos R$ 2, mas ainda de forma marginal.
A mediana das projeções para o IGP-M no Boletim Focus subiu de 5,42% na semana passada para 5,48% na leitura desta semana. No caso do IGP-DI o ajuste foi mais forte, passando de 5,57% para 5,73%. Depois da alta de 1% no IGP-10 entre abril e maio, os economistas elevaram de 0,54% para 0,75% a previsão para o IGP-DI deste mês. Para o IGP-M de maio, as projeções passaram de 0,80% para 0,85%. Todos os IGPs são calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), diferindo apenas pelo período de coleta dos dados.
"Os IGPs estão mostrando o efeito do câmbio no atacado, mas não há uma tendência de alta. O que o Focus captou foi apenas um ajuste para incorporar o dólar a R$ 2", disse Newton Rosa, da SulAmérica Investimentos. A segunda prévia do IGP-M de maio, divulgada ontem pela FGV, sinalizou que a pressão inflacionária permanece em 1% em maio em relação a abril. No atacado, porém, é possível notar aceleração, com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subindo 1,24%, quase o dobro da taxa registrada um mês antes (0,77%) e elevação superior à vista no IGP-10 deste mês, de 1,21%.
Os economistas destacam que os produtos industriais no atacado estão concentrando as pressões inflacionárias nos IGPs. "Esses produtos são os mais afetados pela valorização da moeda americana, uma vez que contam com insumos importados em sua fabricação", comenta Rosa.
Esse fator, porém, não é único que está promovendo aumentos no atacado. Flavio Combat, da Concórdia Corretora, pontua que os avanços mais significativos ao produtor vêm da soja e do minério de ferro. "Como esses produtos influenciam toda a cadeia produtiva, a inflação se espalha", explica.