Cataldo, da Bradesco e Ágora: ações de mercado doméstico é melhor opção
O ano de 2013 exigirá um esforço extra de garimpagem dos gestores para escolher as melhores oportunidades no mercado acionário. No acumulado dos últimos três anos, o Ibovespa caiu 11% e os analistas tiveram que quebrar a cabeça para encontrar boas opções de investimento fora das ações mais líquidas. E, para 2013, muitas escolhas mostram que alguns setores eleitos nos últimos anos seguirão como os preferidos da Bovespa.
Para a maioria dos profissionais consultados, o próximo ano será, novamente, das ações de empresas voltadas para a economia local, com destaque para serviços, consumo, bens de capital, além de construção civil. Os gestores esperam os efeitos positivos das medidas tomadas pelo governo federal ao longo de 2012 para estimular a economia.
Mas engana-se quem acredita que qualquer papel poderá ser eleito. Justamente por terem sido as escolhas de anos anteriores, muitas ações desses setores já estão caras. Restará, então, o trabalho de garimpagem das boas oportunidades.
A aposta no cenário local está nas perspectivas de Ágora Corretora, Bank of America Merrill Lynch, Apogeo Investimentos, Fator Corretora, BB Investimentos, SLW Corretora e DLM Invista. Depois de um Produto Interno Bruto (PIB) decepcionante no terceiro trimestre de 2012, os analistas afirmam que o governo federal não poupará esforços para incentivar a economia.
"A exposição a ações no mercado doméstico, como varejo e comércio, é a melhor estratégia", diz o estrategista de varejo da Bradesco e da Ágora Corretora, José Francisco Cataldo. "Mas tem que garimpar muito, mês a mês. Aposto em shopping centers e em educação, mas também ficarei de olho em recuperações, como a do setor de construção civil, que fez ajustes nos balanços em 2012 e agora deve ter uma retomada."
Seguindo a mesma linha, o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, sugere Ambev, Brasil Foods, Souza Cruz, Pão de Açúcar, Raia Drogasil, Kroton e EZTec.
Os efeitos dos pacotes governamentais, para o diretor técnico da Apogeo Investimentos, Paulo Bittencourt, devem gerar dois momentos distintos. O primeiro semestre tende a começar bem com empresas como AmBev, Natura, Souza Cruz, Cielo, CCR, além de papéis de telefonia celular. No segundo semestre, entram em cena as beneficiárias das medidas governamentais, como ações de bens de capital e industriais. "Acredito que o governo vai parar de falar em consumo e agora vai ter foco em investimentos."
Mesma visão tem o Bank of America Merrill Lynch (BofA). Segundo os analistas Felipe Hirai, Marina Valle, Stephen Suttmeier e Marcos Buscaglia, a proximidade da Copa do Mundo e da Olimpíada exigirá investimentos e ações de infraestrutura estarão no foco. "Os aportes sob o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) até setembro somaram apenas 38,5% da previsão de US$ 1,7 trilhão para o período entre 2011 e 2014", lembram em relatório com perspectivas para o mercado de ações da América Latina.
Galdi, da SLW, também coloca entre suas recomendações a fabricante de caminhões Randon. "A empresa deve tirar proveito dos estímulos para compra de caminhões e do aumento da safra agrícola e da atividade industrial." O ciclo de expansão do país e a grande demanda por obras de infraestrutura são fatores para também acreditar nas ações da Gerdau, aponta o especialista. A necessidade de infraestrutura de transportes é a justificativa para impulsionar os papéis da CCR.
Os efeitos da queda dos juros sobre a economia fazem parte das projeções de Nataniel Cezimbra, gerente da equipe de pesquisa do BB Investimentos. "Essa nova realidade vai determinar o investimento das empresas e ajudará na recuperação da economia", comenta. Para 2013, ele aposta em varejo, educação e construção civil.
Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, prefere o setor de serviços. "O que vai bem é a classe C, educação e saúde." Construção civil, segundo ele, não terá mais o desempenho de anos anteriores, mas, em meio a um cenário de juros baixos, pode ser uma opção interessante. "A relação de crédito imobiliário e Produto Interno Bruto é baixa no Brasil, o que mostra que ainda há espaço para crescimento", diz.
Para o sócio da DLM Invista Daniel Castro, a seletividade será fundamental. Ele dá preferência a companhias com boa gestão, que tenham planejamento de médio e longo prazos e, ainda, com saúde financeira e estratégia diferenciada. O segmento de empresas de serviços financeiros, para ele, é uma aposta promissora para 2013.