Os investidores se apegaram a expectativas e fatos positivos lá fora para tomarem um pouco de risco ontem, o que se refletiu na queda do dólar ante grande parte das demais moedas e na valorização das bolsas ao redor do globo. No campo das possibilidades, a esperança de que seja criado um governo de coalizão na Grécia e que os acordos de austeridade que o país firmou para obter os financiamentos externos se mantenham sustentaram parte do otimismo. Do lado concreto, alguns dados mistos oriundos dos Estados Unidos e o fato do governo espanhol intervir no Bankia passou certa confiança ao mercado, o que minimizou o pessimismo com o avanço pequeno e abaixo do esperado das importações chinesas.
Por aqui, a moeda norte-americana seguiu o script vindo lá de fora, cedeu 0,76% e interrompeu uma sequência de quatro altas consecutivas, para terminar a R$ 1,9470 no mercado à vista de balcão. Mesmo sem fazer preço, o mercado também escutou as palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o dólar. Ele disse ontem que a moeda norte-americana não é motivo de preocupação e que a alta recente da divisa está ajudando a indústria brasileira, um dos setores que mais sofrem com os efeitos da crise internacional.
A Bovespa, por sua vez, perdeu o fôlego na hora final dos negócios, virou para o vermelho e acabou em queda de 0,14%, novamente abaixo dos 59 mil pontos. Petrobrás e Vale pesaram negativamente no índice. Após o fechamento, a Petrobrás informou que adiou a divulgação do balanço, previsto para hoje. Agora, segundo a estatal do petróleo, os resultados serão anunciados na próxima terça-feira, dia 15. A notícia levou os papéis da petroleira negociados no after market a cair quase 2%. No fechamento normal, porém, a ação ON recuou 0,95%, enquanto a PN cedeu 1,19%.
O mercado de juros não se ateve aos acontecimentos externos e também colocou em segundo plano a prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), de 0,89%, acima das projeções. O que determinou o declínio das taxas futuras foi a divulgação de dois dados antecedentes ruins: queda de 7,25% na venda de papelão ondulado em abril ante março e recuo de 0,8% no fluxo de veículos nas estradas pedagiadas. Como o governo está empenhado em estimular o crescimento, os agentes viram nesses indicadores motivos adicionais para a continuidade do corte da taxa básica, a Selic. Assim, o contrato de juro com vencimento em janeiro de 2013 fechou em 7,97%, de 8,03% na véspera.