Bancos reduzem tarifas e taxa em março é a menor desde 1995. Cartão de crédito e cheque especial têm gordura para queimarDiante da pressão do governo para que os bancos baixem os juros, as principais instituições financeiras do país interromperam o aumento dos encargos cobrados dos clientes. É o que mostra pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Os juros médios para pessoa física de março ficaram no mesmo patamar de fevereiro, de 6,33% ao mês (108,87% ao ano). Essa taxa mensal é a menor desde o início da pesquisa, em 1995.
A taxa relativa a pessoas jurídicas cravou 3,7%, percentual 0,02% inferior ao mês anterior e o menor índice desde 2009. As taxas, ainda tímidas ao bolso do consumidor, prometem ter redução mais significativa nos próximos meses com a pressão do governo e a oferta de crédito mais baixo pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal.
"A política de redução de juros de bancos fortes como esses deve impulsionar a redução das taxas nos próximos meses. Só os dois bancos são responsáveis por 32% dos ativos, as outras instituições não vão correr o risco de perder clientes", afirma o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.
A redução das taxas de juros para linhas de operações de crédito a pessoas físicas ainda deixa, no entanto, a desejar. Das seis linhas de crédito pesquisadas, os percentuais sobre cheque especial e empréstimo pessoal (bancos e financiadoras) sofreram elevação em comparação com fevereiro. O maior aumento foi sentido nas operações de financiamento via bancos, de 0,03 ponto percentual, passando a 3,84%.
Comércio
Em contrapartida, as taxas de juros do comércio apresentaram redução de 0,08 ponto percentual em relação a fevereiro, passando a 4,87%. Em comparação à mesma época do ano passado, a queda foi de 0,77 pontos percentuais.
Os consumidores que pretendem financiar veículos vão encontrar taxas estáveis em comparação a fevereiro, 1,97%. Os juros do cartão de crédito rotativo, o grande vilão responsável pela inadimplência do brasileiro, também permaneceram os mesmos durante todo o ano, 10,69%.
Em todas as linhas de crédito para empresas — capital de giro, desconto de duplicatas e conta garantida — pesquisadas pela Anefac, as taxas apresentaram redução. Oliveira acredita que o cenário econômico atual irá favorecer as reduções, sobretudo, nas taxas relativas ao cartão de crédito e cheque especial. "A pressão do governo federal tem sido mais forte nessas duas linhas, que têm ainda muito o que cortar", explica.
Pé no freio
O Dia das Mães e o Dia dos Namorados terão vendas abaixo do esperado este ano, segundo o presidente do conselho do Programa de Administração
do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), Claudio Felisoni de Angelo. Segundo ele, é necessário ampliar iniciativas que estimulem o consumo para que os brasileiros aumentem o volume de compras. De acordo com a Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra no Varejo divulgada ontem pelo Provar, a inadimplência deve atingir 8,1% em maio, o maior pico desde 2009. Já em junho, espera-se
uma leve redução para 7,9%. Segundo Angelo, o varejo se tornou mais cuidadoso na hora
de conceder crédito.
"Os bancos querem financiar, mas a inadimplência crescente inibe o aumento de concessões", avalia.