Mercado prevê IPCA maior, de 5,71%. IGP-M cai para 0,15% em abril
SÃO PAULO E BRASÍLIA O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, admitiu ontem que a inflação não ficará no centro da meta do Banco Central (BC), de 4,5% anuais em 2013. Segundo ele, o governo trabalha para colocar a taxa entre 5% e 5,5% até o fim deste ano. Barbosa também voltou a afirmar que a projeção do Ministério da Fazenda para o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), de 3,5% em 2013, é compatível com o controle inflacionário.
- A inflação é uma variável importante. Nos preocupa. Eu acho que a redução da inflação também viabiliza o crescimento, ela dá mais previsibilidade, facilita o planejamento das empresas, além de ser também um ganho social - afirmou.
Segundo Barbosa, neste ano "trazer a inflação para meta e viabilizar o crescimento da economia não são movimentos contraditórios".
- Saindo de um crescimento de 1% do ano passado, é perfeitamente possível acelerar para 3,5% este ano sem criar pressões excessivas de demanda - disse, após participar da cerimônia de abertura de capital da BB Seguridade.
preços de alimentos recuam
Indagado sobre qual a estratégia para o controle da inflação, o secretário se esquivou e disse que "o BC é quem se manifesta" sobre esse tema. Ele garantiu, porém, que o Brasil sofreu um "aumento momentâneo" da inflação no ano passado, causado sobretudo pelo aumento brusco no preço das commodities e o clima seco no país, que elevaram o custo da energia e dos alimentos in natura:
- Mas nós esperamos que a inflação caia neste ano. Caia, se possível, para 5% ou 5,5%. Isso vai depender muito desses choques. Parte dos choques dos alimentos in natura , por exemplo, já começou a ser invertida. Esperamos que isso traga a inflação para baixo.
Embora tenha deixado claro que o problema da inflação é de oferta, Barbosa explicou que aumentar o juro é uma forma de "combater efeitos secundários, mesmo que a inflação não esteja diretamente relacionada à elevação de demanda". Ele acrescentou que iniciar o ciclo de alta evita que "uma inflação temporária se torne permanente".
Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou que o indexador dos alugueis no país, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), desacelerou e fechou abril com variação de 0,15%, ante 0,21% em março.
Vilões da alta de preços nos últimos meses, os alimentos foram os responsáveis pela acomodação do IGP-M mês passado. Quedas de 5,49% no preço da soja e de 10,21% no do milho puxaram o indicador de preços no atacado (IPA, com peso de 60% do IGP-M), que fechou o mês com deflação de 0,12%. Na ponta do consumidor, a soja e o milho mais baratos fizeram cair preços de frango, suínos e ovos. Assim, o IPC, que havia subido 0,72% em março, desacelerou para 0,6%.
- As quedas dos alimentos finalmente chegaram ao varejo - disse o economista André Braz, responsável pela apuração do IGP-M.
Mesmo com a alta na taxa básica de juros, economistas de instituições financeiras elevaram a previsão de inflação neste ano. Segundo a pesquisa Focus, que o BC faz semanalmente com instituições financeiras, divulgada ontem, a expectativa agora para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas do governo) é de 5,71%, ante 5,7%. Por outro lado, os analistas do mercado diminuíram a projeção para a taxa básica de juros (Selic) no ano que vem, de 8,5% ao ano para 8,25% ao ano.