Volatilidade é a palavra que melhor resume o comportamento da bolsa brasileira no pregão de quarta-feira. O Ibovespa oscilou mais de 2 mil pontos entre a máxima e a mínima e encerrou abaixo do suporte dos 56 mil pontos, o que reforçou a tendência de baixa do mercado a médio prazo. O tombo só não foi maior graças às ações da Petrobras, que deixaram o posto de vilãs da bolsa nos últimos meses para encerrar em alta de mais de 4%.
E, mais uma vez, a Grécia assustou. O clima nos mercados até que foi positivo nas primeiras horas do pregão, enquanto os investidores avaliavam dados das economias dos EUA e Europa. Mas a notícia de que o Banco Central Europeu (BCE) suspendeu algumas operações com bancos gregos até que essas instituições sejam recapitalizadas detonou o nervosismo.
Os bancos gregos estariam com patrimônio líquido negativo e agora terão de recorrer a uma linha mais cara de financiamento da autoridade monetária europeia. Mais cedo, o presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou que o conselho diretor da instituição deseja que a Grécia permaneça na zona do euro, embora a decisão não caiba ao BCE.
Ontem também foi divulgada a ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed). O documento mostrou que vários membros do banco central americano veem necessidade de um novo afrouxamento monetário se a recuperação econômica perder força.
A ata também revelou que o Fed continua preocupado com a situação da Europa. Alguns membros acreditam que o continente terá que passar por novos ajustes no setor público e bancário. E o Fed também vê possibilidade de um "severo aperto fiscal" em 2013, caso o Congresso não chegue a um acordo sobre o Orçamento americano.
No entanto, a ata não teve força para mudar a tendência negativa dos mercados. A crise europeia falou mais alto. "A ata não trouxe grandes novidades. Os Estados Unidos continuam em um processo de recuperação lenta e frágil", avalia o sócio-diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno. "A volatilidade está muito alta. É um mercado de muito giro por causa da grande aversão ao risco", resumiu o especialista.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,62%, aos 55.887 pontos, depois de oscilar entre a mínima de 55.415 pontos e a máxima de 57.693. O volume financeiro voltou a ser forte, de R$ 8,814 bilhões. Desta forma, a bolsa já acumula perda de 6% somente nesta semana. No mês, o recuo é de 9,60% e, no ano, o índice cai 1,5%.
Petrobras PN avançou 4,32%, para R$ 19,29, a segunda maior alta do Ibovespa. O lucro da estatal caiu 16% no primeiro trimestre, para R$ 9,21 bilhões. Analistas ouvidos pelo Valor esperavam um recuo ainda maior, de 27%.
JBS ON (-8,83%, a R$ 6,09) liderou as perdas, seguida por Usiminas ON (-7,31%, a R$ 14,31). O frigorífico sofreu com o balanço do primeiro trimestre, que trouxe lucro líquido de R$ 116,1 milhões, 21% menor que no mesmo intervalo do ano passado. O recuo refletiu o fraco desempenho da companhia nos EUA, sobretudo na operação de bovinos. Já Usiminas ON foi excluída da carteira do índice MSCI Global que entra em vigor em 1º de junho. Além do papel da siderúrgica, também deixarão o índice Brookfield ON, Gol PN, Rossi ON e Suzano PNA, informou o MSCI. O índice é referencial para vários fundos de investimento.
Na ponta de alta brilhou B2W ON (16,30%, a R$ 7,49). O Valor informou ontem que executivos da varejista de comércio eletrônico e de sua controladora Lojas Americanas iniciaram apresentações a investidores nos EUA. A expectativa do mercado é que a B2W encontre um sócio estratégico e feche o capital.