O Ibovespa entra em uma semana repleta de indicadores para testar uma saída do patamar no qual se encontra desde os primeiros pregões de janeiro. Analistas lembram que, apesar de ter subido no ano passado e nos dois primeiros pregões de 2013, o Ibovespa não encontra forças para sair da região entre 61 mil pontos e 62 mil pontos e está bem aquém dos índices acionários americanos.
Nos Estados Unidos, os principais indicadores testam máximas atingidas antes do estouro da crise financeira mundial, em 2007. O índice Dow Jones fechou o pregão de sexta-feira passada em 13.895 pontos, a apenas 1,94% do pico de 14.164 pontos registrado em 9 de outubro de 2007. No S&P 500, a situação é parecida. No último dia 25, fechou em 1.502 pontos, a 4,19% dos 1.565 pontos verificados também na máxima de 9 de outubro de 2007.
No caso do Ibovespa, a situação é diferente. Na quinta-feira, último pregão da semana passada, o índice encerrou a 61.169 pontos. A distância até a máxima de 73.516 pontos, atingida em 20 de maio de 2008, é de 20%. Além disso, a máxima histórica do Ibovespa está acima da média de previsões dos especialistas para a alta do índice em todo este ano, em torno de 70 mil pontos.
Segundo operadores, dessa vez quem não está ajudando na alta do Ibovespa é o investidor local. O estrangeiro colocou recursos na Bovespa praticamente em todos os pregões de janeiro, com exceção do dia 21. O saldo é positivo em R$ 3,323 bilhões no mês, até o dia 22. Casas estrangeiras, como o Credit Suisse, melhoraram suas avaliações sobre o Brasil entre o final de dezembro e o começo deste mês, esperando um 2013 melhor que 2012.
Mas, segundo analistas, ainda falta dinheiro no curto prazo para que o Ibovespa rompa - e permaneça - na casa dos 62 mil pontos. "A Bovespa fica congelada porque muita gente não quer investir em função das incertezas que ainda existem em relação ao crescimento do país", diz Pedro Galdi, estrategista da SLW Corretora. "Os riscos envolvendo racionamento de energia e a pressão da inflação também deixam alguns investidores na retranca", afirma André Moura, chefe da mesa de operações da HSBC Corretora.
Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, acrescenta que, apesar de estar atrasada na comparação com os índices de Nova York, a Bovespa está relativamente cara. "Como os lucros caíram no ano passado, a relação preço/lucro de várias ações ficou salgada", afirmou. O preço/lucro é o indicador utilizado para medir o tempo de retorno de um investimento. Atualmente, o Ibovespa negocia com um P/L projetado de 11,5 vezes, ante média histórica de 9,7 vezes, segundo cálculos do J.P. Morgan.
A semana, segundo Galdi, da SLW, começa a esquentar de quarta-feira em diante. Na quarta-feira, sai o relatório de emprego do setor privado de janeiro nos EUA e acontece a reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed. Na quinta, saem renda e gasto pessoal americanos de dezembro. À noite, a China divulga a sondagem industrial de janeiro. Na sexta sai, nos EUA, o relatório de emprego e a sondagem industrial de janeiro.
O Ibovespa sobe apenas 0,4% em janeiro, depois de ganhar 7,4% no ano passado. Os destaques de valorização são JBS ON (26,5%), Eletrobras PNB (20,7%), Marfrig ON (19,7%), Fibria ON (16,1%) e Eletrobras ON (14,5%).
Do outro lado, as piores performances ficam com os papéis de Usiminas ON (-17,6%) e PNA (-17,4%, Eletropaulo PN (-15,8%), MMX Mineração ON (-13,9%) e Hering ON (-13,5%).