O Ibovespa operou numa gangorra no pregão de ontem. O índice abriu de lado, negociou durante boa parte do pregão em alta, acompanhando Nova York, mas não resistiu e virou, aprofundando as perdas na última hora de operações. Fechou em baixa de 1,29%, cotado em 61.169 pontos.
Segundo operadores, o indicador bateu numa resistência forte, ao negociar acima de 62 mil pontos, o que ocasionou disparada de vendas em determinados papéis. "A bolsa estava fraca o dia todo, ameaçando virar", disse um operador. "O investidor local não entra, a pessoa física não volta, e o estrangeiro está vendido em Ibovespa futuro. Com isso, fica difícil romper os 62 mil pontos", afirmou.
Vale e ações de siderurgia sofreram e estiveram entre as maiores baixas dentre as blue chips no final do dia. A ação PNA da Vale caiu 2,2%. Na lista de principais recuos ficaram ainda Usiminas ON (-6,16%), CSN (-4,92%) e Usiminas PNA (-3,90%). Nas demais blue chips, Petrobras PN subiu 0,3%, OGX ON caiu 3,01%, Itaú PN teve alta de 0,11% e Bradesco recuou 0,23%.
Apesar da reação técnica, analistas estão divulgando relatórios que preveem um ano desafiador para mineração e siderurgia, o que potencializou as perdas. Segundo o HSBC, uma rodada de aumentos nos preços domésticos do aço é improvável e deve enfrentar resistência tanto da indústria quanto do governo brasileiro. Os analistas Jonathan Brandt e Miguel Falcão preveem, em relatório, um 2013 ainda difícil para CSN e Usiminas, em virtude da fraca demanda por siderúrgicos, tanto no cenário externo quanto no interno. A recomendação do banco para as ações das duas companhias é "underweight", exposição abaixo da média do mercado.
O Ibovespa oscilou também entre notícias positivas e negativas. "A prévia do índice dos gerentes de compras da China para janeiro, de 51,9, foi o melhor desempenho do indicador de atividade para a indústria local em dois anos", diz André Moura, chefe da mesa de operações da HSBC Corretora. "O PMI composto da zona do euro também foi bom." Mas acabou prevalecendo o lado negativo, puxado por ameaças de novos testes nucleares na Coreia do Norte e um resultado ruim da Apple, que travou Nasdaq e S&P 500 nos EUA.
Eletrobras ficou entre as maiores perdas, um dia depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar aumento nos percentuais de redução das tarifas das elétricas, em comparação ao divulgado anteriormente.
Parte das oscilações, segundo operadores, foi devolução de ganhos. Eletrobras ON caiu 7,52%, e a ação PNB recuou 3,58%. Segundo a Ativa Corretora, o impacto para as empresas é neutro. "Inicialmente, a redução maior que anunciada em setembro não deve ter impacto para as empresas do setor, uma vez que o Tesouro viabilizará o desconto maior", afirma em nota.
Embraer ON teve alta de 8,88%, depois de ter anunciado um contrato de venda de jatos de até US$ 4 bilhões com a Republic Airways.
Na Europa, as principais bolsas fecharam a quinta-feira em alta, impulsionadas pelos dados de emprego dos Estados Unidos e pelo avanço do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro.
Segundo dados preliminares do instituto de pesquisas Markit Economics, o PMI composto, que compila dados do setor industrial e de serviços, do bloco subiu para 48,2 pontos em janeiro, o maior patamar em dez meses.
Em Londres, o FTSE 100 subiu 1,09%. O CAC-40, de Paris, ganhou 0,70%. O DAX, de Frankfurt, avançou 0,53%. O FTSE MIB, de Milão, subiu 1,01%, e o IBEX-35, de Madri, ganhou 0,61%.
Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em alta (0,33%) pela quinta sessão seguida, enquanto o S&P-500 ficou praticamente estável. Já o Nasdaq terminou o dia com depreciação de 0,74%.