Riscos de curto prazo podem provocar um movimento de venda de ações brasileiras, e o Ibovespa pode negociar abaixo dos 50 mil pontos, segundo o Bank of America Merrill Lynch (BofA). Em relatório, os analistas Felipe Hirai e Marina Valle dizem que, segundo o estrategista-chefe de investimentos do banco, Michael Hartnett, conflitos na Síria, juros mais altos nos EUA, uma crise potencial na Ásia (com déficits em contas correntes), altos níveis de especulação e uma desaceleração no mercado americano de residências podem ser catalisadores para uma correção nos mercados de risco globais. Saídas de ações e um calendário pesado de eventos (incluindo a sucessão no Fed) podem adicionar volatilidade.
Segundo o BofA, um cenário complicado parece ser consenso no Brasil. Os analistas afirmam que os investidores esperam fraco crescimento, inflação alta e câmbio depreciado. Além disso, visibilidade política limitada e falta de catalisadores devem barrar uma apreciação maior da bolsa brasileira, que negocia hoje a uma relação preço/lucro de 11,5 vezes para 2013 e 10 vezes para 2014, com risco alto de redução de projeções de lucros.
O BofA diz que ainda prefere exportadores em relação a empresas que atuam no setor doméstico, em função de avanços na China e da fraqueza do real. Com isso, manteve sua perspectiva de desempenho acima do mercado ("overweight") para materiais básicos e industriais. Mas retirou Arteris da carteira recomendada, já que o prêmio oferecido é baixo. O BofA reduziu ainda os grandes bancos a "equal weight" (desempenho em linha com o mercado), mas a exposição a Cielo foi elevada.
Foi mantida ainda exposição "equal weight" em energia, mas o peso de Cosan e Ultrapar foi elevado para compensar o aumento de OGX após o rebalanceamento. E "underweight" (abaixo do mercado) para consumo, concessões e telecom. No portfólio principal de Brasil estão: Embraer, Iochpe, Vale, Gerdau, Suzano, Kroton, Itaú Unibanco, Bradesco, Cielo, BR Malls, Petrobras, Cosan, Ultrapar, Pão de Açúcar, AmBev e Sabesp.