Depois de escalar 10% em três semanas, o Ibovespa encostou na importante resistência gráfica dos 52.200 pontos na sexta-feira e precisa provar nesta semana se a recuperação veio para ficar. Desde o início de junho, a bolsa não visitava a casa dos 52 mil pontos.
Para o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, o Ibovespa precisa romper esse patamar para dar continuidade à tendência de alta no curto prazo. "O desafio agora é romper os 52.200 para provar que a tendência é consistente." Até aqui, lembra o especialista, a Bovespa registrou alta em 11 dos últimos 13 pregões, sempre com volumes expressivos.
Figueredo acredita que, apesar das incertezas que ainda rondam o câmbio e a política monetária, o mercado está com apetite por ações brasileiras. "O Ibovespa foi o índice que mais caiu no mundo este ano. Por isso tem espaço para se recuperar, ajudado pela melhora das commodities." Mesmo com a recuperação recente, a bolsa ainda acumula perda de 14,3% em 2013.
Pelas suas estimativas, se vencer os 52.200, a próxima parada do índice será nos 53.100. Mas o objetivo de alta está bem mais adiante, nos 56 mil pontos. O viés negativo virá se o Ibovespa perder os 50 mil pontos, o que desarmaria a tendência de alta, levando a bolsa a um novo ciclo de baixas acentuadas. "Tivemos apenas dois dias de realização nas duas últimas semanas, mas não foram quedas fortes." Na sexta, após a reviravolta no câmbio e nos juros, o Ibovespa subiu 1,56%, aos 52.197 pontos.
Incertezas do mercado estão fazendo com que 2013 seja o ano mais instável para os ativos desde a crise financeira de 2008, considerando a correlação entre os retornos de Ibovespa e dólar. Tradicionalmente, essa correlação é negativa e está ligada a apetite por risco: se a bolsa cai, com investidores nervosos, dólar sobe, e vice-versa.
Mas a forte instabilidade dos mercados e a dificuldade dos analistas em prever o destino dos ativos, com mudanças frequentes na política econômica do governo, deixam 2013 com um recorde.
Desde a crise de 2008, a correlação mensal ficou positiva apenas três vezes, duas delas neste ano: em janeiro (+0,06) e agora, em agosto (+0,09), segundo levantamento feito pelo Valor Data. Antes, os retornos da bolsa e do dólar só haviam seguido juntos em setembro de 2010 (+0,24). Segundo especialistas, essa mudança de padrão ocorre em momentos de estresse do mercado, quando ativos que foram muito comprados, ou vendidos, passam por ajustes.