Uma nova onda de otimismo mundial ajudou a Bovespa a quebrar ontem a sequência de três baixas desta semana. Diversos indicadores fortes, principalmente nos Estados Unidos e na China, incentivaram os investidores a voltar às compras. Notícias positivas de algumas empresas por aqui, como Petrobras e Gerdau, também colaboraram para a recuperação da bolsa brasileira.
"Os números da ADP [geração de emprego do setor privado americano] e do PIB surpreenderam na quarta-feira. O tom do Fed [banco central dos EUA] também foi positivo, ao manter os estímulos pelo menos até setembro. Ontem, o PMI [indicador de atividade industrial] da China veio bom, o que deu fôlego às commodities e à Bovespa por tabela", comentou o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi.
Mas não foi apenas o cenário externo que ajudou, diz Galdi. "A produção industrial brasileira cresceu em junho, apesar de ter sido um mês marcado por protestos, greves e paralisações." Dentro desse contexto, o analista mostra otimismo com a bolsa e afirma que agosto "tem tudo para ser o melhor mês da Bovespa neste ano".
Ele argumenta que não há expectativa de nenhum grande evento neste mês, o que deve trazer mais tranquilidade aos investidores e restaurar os ânimos para as compras. "A decisão do Fed ficou para setembro. E a China não deve ter nada relevante neste mês."
O Ibovespa subiu 1,88%, aos 49.140 pontos, com volume de R$ 6,732 bilhões. Entre as ações de maior peso, Petrobras PN avançou 3,99%, para R$ 16,94; Vale PNA subiu 1,42%, para R$ 28,55; e OGX ON teve alta de 1,51%, a R$ 0,67.
As ações PNA da Vale repercutiram os números de atividade industrial (PMI) da China, principal mercado consumidor do minério de ferro brasileiro. A alta não foi maior porque o papel terá seu peso reduzido em 0,354 ponto percentual, para 8,278%, na carteira teórica do Ibovespa que entrará em vigor em setembro, conforme revelou a primeira prévia do índice, divulgada ontem. Já OGX ON subiu justamente porque seu peso na carteira vai dobrar, para 4,39%.
Petrobras PN também ganhará peso na nova carteira do Ibovespa, de 7,504% para 7,667% de acordo com a primeira prévia. Mas a reação forte das ações da companhia ontem foi consequência dos números de produção divulgados pela estatal. A produção de petróleo no Brasil em junho cresceu 4,6% na comparação com maio, para 1,979 milhão de barris por dia.
"Apontávamos julho como o mês da virada na produção, mas o ponto de inflexão veio um mês antes", destacou o Credit Suisse em relatório a clientes. "O resultado de junho é um sinal forte de que a gestão da companhia está fazendo seu trabalho nas variáveis que pode controlar", disse o banco. O Bank of America Merrill Lynch (BofA) destacou que é o primeiro sinal da recuperação na produção da Petrobras e a expectativa é que o ritmo continue em 2013 e 2014.
Gerdau PN (4,31%) foi destaque de alta, após apresentar lucro de R$ 390,4 milhões no segundo trimestre, 27% menor do que no mesmo período de 2012, mas 88% acima da previsão dos analistas ouvidos pelo Valor. Além disso, a siderúrgica reajustará os preços entre 8% e 10% no mercado interno, segundo confirmou o BofA com fontes do setor, a partir de informação divulgada pelo "Metal Bulletin".