As ações de Vale, Usiminas e CSN ajudaram na recuperação do Ibovespa ontem. No entanto, a correção, comparada à perda acumulada de 3,1% dos dois pregões anteriores, foi tímida. A alta do índice ficou ontem em 0,63%, a 60.406 pontos, em sintonia com os ganhos de Nova York.
Os papéis da Vale viveram uma gangorra e passaram boa parte do dia ensaiando uma virada para cima, que só aconteceu no final do pregão. O papel, apesar da alta de 1,16% de ontem, para R$ 38,13, perde 10,5% desde 2 de janeiro, seu topo do ano. Em compensação, ação subiu praticamente sem parar no fim do ano passado. Saiu de R$ 34,65 em 16 de novembro para R$ 40,87 no último pregão do ano, com ganho acumulado de 18% no período.
Pela mesma situação passa Usiminas, que ontem se recuperou e manteve-se no topo do Ibovespa durante todo o dia. Os papéis ordinários subiram 3,46% (R$ 11,34) e os PNA ganharam 2,6% (R$ 10,62). No ano, desde 2 de janeiro, as ON caem 22,5%. Mas, na reta final de 2012, saíram de um fundo de R$ 10,60 em 26 de outubro para fechar o ano cotadas em R$ 13,67, uma alta de 29%. As PNA caem 20% desde 2 de janeiro, mas subiram 32% desde o fundo em 26 de outubro, quando negociaram a R$ 9,70, para R$ 12,80 no fechamento do ano.
No mesmo setor, CSN fechou com ganho de 2,35%. O papel reagiu à notícia divulgada pelo Valor, segundo a qual o BNDES pode apoiar a empresa em seu plano de aquisição dos ativos ThyssenKrupp no Brasil e nos Estados Unidos, e poderá aportar até R$ 4 bilhões no negócio, segundo fontes. A analista Karina Freitas, da Corretora Concórdia diz, em nota, que a entrada do BNDES ameniza os impactos sobre o endividamento da companhia e é positiva para a operação.
Ainda segundo analistas, os papéis das siderúrgicas reagiram a um relatório do Goldman Sachs divulgado ontem, segundo o qual o fraco desempenho das ações de siderúrgicas brasileiras nas últimas semanas foi "excessivo".
A Vale anunciou um dividendo mínimo de US$ 4 bilhões para 2013, número inferior aos US$ 6 bilhões de 2012. Esse número também ficou acima da projeção do HSBC Global Research, de US$ 1,8 bilhão. Segundo os analistas Jonathan Brandt e Miguel Falcão, a notícia é um pequeno fator positivo para a ação da Vale.
Os papéis também tiveram reação positiva a declarações feitas pela administração da empresa ontem, durante reunião com analistas no Rio de Janeiro. A direção da companhia falou em clima de otimismo no mercado financeiro mundial e em melhora da economia chinesa.
Apesar dessas recuperações, analistas acreditam que o cenário ainda é de muitas incertezas para o Ibovespa. Fabio Galdino de Carvalho, operador-sênior da BI&P Indusval Corretora, diz acreditar que a ata do Copom de quinta-feira passada foi um divisor de águas, ao trazer a questão da inflação para o centro da discussão. Para ele, a tendência da bolsa no curto prazo é de queda.
William Alves, analista da XP Investimentos, também vê um cenário global e interno de muitas incertezas, o que ainda deixa os investidores na retranca.