A Bovespa passou por uma recuperação técnica ontem, após acumular perda de 7% em quatro pregões consecutivos de baixa. A decisão do governo de zerar o IOF sobre derivativos de câmbio reduziu um pouco a aversão ao risco por parte dos investidores estrangeiros. A alta das bolsas americanas, após uma rodada de indicadores econômicos do país melhores do que o esperado, também colaborou para o clima positivo por aqui.
As maiores altas ficaram concentradas nas blue chips Petrobras e Vale, nas construtoras e também nas siderúrgicas. Em contrapartida, ações de varejo voltaram a cair. "Foi um pregão clássico de repique, especialmente das ações de commodities", observou o estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira.
O operador-sênior da BI&P Indusval Corretora, Fabio Galdino de Carvalho, também acredita que o mercado passou por uma correção técnica, mas ele ressalta que o cenário segue negativo, já que as principais preocupações do mercado internacional, ligadas à diminuição de estímulos monetários, ainda não se dissiparam.
O Ibovespa fechou em alta de 2,51%, aos 50.414 pontos, depois de bater a mínima nos 48.968 pontos. O volume alcançou R$ 7,952 bilhões. Grafistas comentaram que o índice respeitou o suporte intermediário na linha de 49 mil pontos. Segundo o analista técnico da Icap Brasil, Raphael Figueredo, a perda desse piso levaria a bolsa para os 47.800 pontos. Ele disse ainda que sinais de "repique" já eram esperados se o índice rompesse os 49.500 e 50.000, "mas não há nada consistente indicando compra até o momento".
Entre as ações de maior peso no Ibovespa, Vale PNA subiu 4,56%, para R$ 28,65; Petrobras PN ganhou 3,75%, a R$ 18,80; e OGX ON fechou em alta de 0,96%, a R$ 1,05, depois de marcar nova mínima histórica no pregão, a R$ 0,97.
O papel da companhia de petróleo de Eike Batista foi, mais uma vez, alvo de boatos. O rumor mais recorrente nas mesas de operações foi que a companhia estaria preparando uma grande reestruturação de suas dívidas.
A inquietação do mercado aumentou porque o empresário vinha dando poucos sinais de que terá dinheiro para fazer um aporte de US$ 1 bilhão na OGX, decorrente de uma opção de venda de ações ("put", no jargão de mercado) firmada com a companhia e com validade até abril de 2014.
Depois de vender 2% das ações da OGX no mês passado para fazer caixa, o Valor informou ontem que o empresário colocou o Hotel Glória à venda. Ele também teria vendido um de seus jatos, segundo rumores de mercado.
Após o fechamento do mercado, o grupo EBX informou que já concluiu a reestruturação de suas dívidas e que a recente venda de ações da OGX relaciona-se ao alongamento de vencimentos e redução de custo da dívida. Ainda segundo a empresa, não há intenção de vender mais ações da OGX.
Na lista de maiores altas do Ibovespa predominaram construtoras: MRV ON (12,20%), Rossi ON (7,88%) e Gafisa ON (7,18%). O setor passou por recuperação em função das recentes compras de ações por parte de grandes acionistas, como a Vinci Partners (na PDG), Polo Capital (na Gafisa), e pela própria MRV, que recomprou 500 mil papéis de sua emissão. "Estão dando sinais de que a avaliação do mercado sobre o setor pode estar equivocada", diz Luis Pereira, da Futura.