A Bovespa acompanhou de perto o desempenho das bolsas americanas ontem, quando dados mais fracos da economia e a renovação das preocupações com a crise europeia levaram a mais um pregão negativo. "Várias questões continuam sem solução", lembrou a estrategista do Banco Fator, Lika Takahashi, referindo-se às dúvidas sobre um pacote de socorro à Espanha e uma saída definitiva para a crise da zona do euro. "A falta de solução deixa o mercado à deriva."
A sinalização dada pelo comunicado da reunião do Copom, de que a redução na taxa Selic poderá continuar na próxima reunião, não teve força suficiente para sustentar ganhos no mercado de renda variável ontem. O diretor técnico da Apogeo Investimentos, Paulo Bittencourt, acredita que os investidores querem ler a ata da reunião, que será divulgada na semana que vem, antes de assumir novas posições na Bovespa. "O mercado está em compasso de espera para saber quais as indicações sobre os futuros cortes de juro, qual será a medida dos novos cortes."
O Ibovespa fechou em baixa de 0,62%, aos 62.618 pontos, com volume financeiro modesto, de R$ 5,620 bilhões. Entre as ações mais negociadas, Vale PNA caiu 0,40%, para R$ 42,07; e Petrobras PN perdeu 1,42%, para R$ 21,45.
Mas foi OGX ON que pesou sobre o índice, ao despencar 3,57%, para R$ 12,96, com o segundo maior giro do dia, de R$ 317 milhões. O papel registrou a menor cotação em 2012 e já acumula perda de 28,9% desde o pico de preço deste ano, de R$ 18,21, registrado em 23 de fevereiro. A única notícia divulgada ontem envolvendo a empresa de petróleo de Eike Batista foi a encomenda de construção e afretamento de duas plataformas feita à OSX, companhia de construção naval que também pertence a Eike.
Segundo operadores, a ação da OGX vem sofrendo um pesado desmonte de posições por parte de investidores, especialmente estrangeiros, desde o fim de março. Esse movimento teve início após a divulgação do balanço de 2011, quando a OGX reportou prejuízo de R$ 509 milhões, quase quatro vezes maior que a perda registrada em 2010, em função do aumento de despesas operacionais e perdas financeiras com derivativos.
A lista de maiores baixas do Ibovespa trouxe ainda MRV ON (-3,08%, a R$ 12,95). A incorporadora informou nesta semana que reduziu seus lançamentos imobiliários em 38% no primeiro trimestre, ante o mesmo período do ano passado, para R$ 644 milhões. As vendas contratadas da companhia tiveram queda de 2%, para R$ 815 milhões.
Entre as maiores altas, Eletropaulo PN subiu 1,74%, para R$ 19,11. A companhia poderá reduzir dividendos, o nível de endividamento e os investimentos se a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mantiver o índice de revisão tarifária proposto até 2015. "Numa revisão tarifária dura, podemos fazer ajuste nas três pontas", disse o presidente da empresa, Britaldo Soares, em teleconferência com analistas. A Aneel propôs à distribuidora paulista uma redução média de 8,11% nas tarifas.