SÃO PAULO, BERLIM e MADRI Temores sobre a economia global, com dados mais fracos da indústria na China e na zona do euro, afetaram os mercados mundiais ontem. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), seguiu o movimento e fechou em queda de 1,46%, aos 58.511 pontos. Pesaram ainda as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Saint Louis, James Bullard, de que os mais recentes dados econômicos do país não justificariam novas medidas de estímulo.
Na China, o índice de atividade industrial compilado pelo Instituto Markit recuou de 49,3 para 47,8 pontos na leitura preliminar de agosto, o menor patamar em nove meses. Na zona do euro, o mesmo indicador passou de 46,5 para 46,6, no sétimo mês de leitura abaixo de 50, o que indica retração da atividade.
O aumento da aversão ao risco fez o dólar subir 0,29% frente ao real, a R$ 2,025. Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA (preferencial, sem direito a voto) caiu 3,17%, a R$ 34,19.
- A atividade industrial mais fraca na China tem impacto direto nas ações da Vale, que tem o país como principal cliente do minério de ferro. Os papéis PN da Bradespar, que têm grande fatia na Vale, foram no rastro e se desvalorizaram 3,89% a R$ 29,70 - explicou Fausto Gouveia, economista da Legan Asset Management.
Além disso, pesou a disputa sobre royalties da Vale com o governo brasileiro. Analistas da XP Investimentos estimam que a mineradora possa ter de pagar cerca de R$ 4 bilhões.
Os papéis PN da Petrobras recuaram 0,97%, enquanto OGX Petróleo ON (ordinária, com voto) perdeu 2,97%, Itaú Unibanco PN, 0,67%, e PDG Realty ON, 2,68%.
Nos mercados europeus, tiveram perda Frankfurt (0,97%), Paris (0,84%) e Madri (0,79%). Já Londres teve uma ligeira alta, de 0,04%. Em Wall Street, o índice Dow Jones recuou 0,88%, enquanto S&P caiu 0,81%, e Nasdaq, 0,66%.
Grécia pedirá mais tempo
Hoje as atenções dos investidores estarão voltadas para Berlim, onde a chanceler Angela Merkel se reúne com o premier grego, Antonis Samaras. Este quer mais tempo para que a Grécia cumpra as metas estabelecidas por seus credores. No sábado, Samaras vai a Paris tentar convencer o presidente François Hollande.
Mas a tarefa será difícil: ontem em Berlim, Merkel e Hollande afinaram seu discurso: a Grécia tem de honrar seus compromissos para continuar no euro. Para isso, terá de levar adiante as reformas que aprofundaram a recessão no país.
A Espanha, que também enfrenta dificuldades, já estaria negociando um socorro financeiro, disseram à agência de notícias Reuters fontes da zona do euro. Uma opção seria o fundo de resgate do bloco comprar títulos da dívida do país, a fim de reduzir seus custos de financiamento.