Produção industrial recuou 0,5% em março, mesmo com medidas de isenção fiscal, ampliação do crédito e redução dos juros
A produção industrial do país recuou 0,5% em março na comparação com fevereiro, mês que havia registrado uma alta de 1,3%. Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam a dificuldade de recuperação da indústria, apesar dos estímulos dados pelo governo com desonerações setoriais, abertura de linhas subsidiadas de crédito e reduções na taxa básica de juros (Selic). "Os números mostram claramente um menor dinamismo da indústria brasileira, com redução efetiva da produção. Ainda que haja alívio nos juros, há outros fatores que contribuem para esse desempenho pior", explicou André Macedo, gerente do IBGE responsável pela pesquisa.
Segundo o economista, a queda na atividade fabril foi ainda maior (-2,1%) se comparada a igual mês de 2011, somando, neste critério, sete resultados negativos seguidos. No primeiro trimestre do ano, a queda acumulada é de 3%. A queda de janeiro a março deste ano também foi o pior resultado trimestral desde o terceiro trimestre de 2009, quando a indústria foi seriamente afetada pela crise mundial. O recuo de 1,1% no acumulado dos últimos 12 meses foi também, na avaliação dos técnicos do instituto, o pior indicador desde fevereiro de 2010, quando houve recuo de 2,6% nessa mesma base.
A maioria dos setores da indústria pesquisados registrou queda na produção de fevereiro para março, com destaque para o ramo gráfico (-7,1%), seguido do refino de petróleo e etanol (-3,6%). Das 27 áreas avaliadas, 18 produziram menos. No grupo das nove que aumentaram a produção, a liderança é dos veículos automotores, setor que expandiu 11,5%.
Estoques
Na comparação com março de 2011, 16 das 27 áreas pesquisadas tiveram queda na produção. Apesar de ainda aquecido, o setor automotivo (-7,5%) registrou baixa. "Após dois meses de diminuição na atividade das montadoras, em março a produção de veículos voltou a crescer. Mas, como os estoques seguem elevados, nada impede que ocorram novas quedas nos próximos meses", comentou Macedo, do IBGE.
Também tiveram peso negativo os desempenhos das atividades de eletrônico e equipamentos de comunicações (-18,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,8%), produtos de metal (-9,8%) e têxtil (-8,0%).