Alta foi de apenas 0,3% em julho. Produção de carros subiu 4,9% frente a junho
A produção industrial brasileira em julho foi 0,3% maior frente a junho. Embora seja o segundo mês seguido de crescimento, o desempenho não foi suficiente para mudar os baixos resultados de janeiro a maio. Com isso, o acumulado do ano mostra redução de 3,7% na atividade da indústria. Nas comparações com os meses do ano passado, a produção teve queda de 2,9%, no 11º resultado negativo consecutivo deste tipo de comparação, conforme mostraram os dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo IBGE.
O indicador acumulado nos últimos 12 meses mostra recuo de 2,5%, o pior desempenho desde fevereiro de 2010 (-2,6%). Apesar da queda de 2,9% frente a julho de 2011, os resultados mostram que o ritmo de queda vem diminuindo: em abril, o tombo foi de 3,5%; em maio, de 4,4% e em junho, de 5,6%.
Linha branca: alta de 34,7%
O setor de automóveis foi um dos principais responsáveis pelo crescimento no mês. Quando se compara com junho, houve uma expansão de 4,9% da atividade, em uma retomada de produção que pode indicar o equilíbrio dos estoques das montadoras. Outro dado animador vem do segmento de linha branca, que apresentou crescimento de 34,7%, e de mobiliário, com 4,8%, contra julho de 2011.
- O resultado positivo da produção industrial está diretamente ligado às medidas de incentivo ao consumo, como a redução de IPI. Houve uma expansão de 0,8% na produção de bens de consumo duráveis em julho e o crescimento só não foi maior porque o segmento de motocicletas recuou, em razão das férias coletivas - explica André Macedo, gerente da pesquisa.
A fraca reação da indústria em julho esfriou as expectativas de recuperação forte no segundo semestre. Para fechar o ano estagnada, a produção precisa crescer mais de 2% todo mês (frente ao mês anterior) até dezembro. Taxa considerada pouco factível para o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Leonardo Carvalho. Se não crescer até dezembro, a indústria terá reduzido sua produção em 3,4%. Em 2011, a alta se limitou a 0,4%:
- O crescimento foi muito perto de zero. A recuperação mais forte, mais significativa, que estávamos esperando há alguns meses, não aconteceu em julho. Estamos há dois anos com a indústria parada. É muito tempo. Vamos fechar em queda este ano.
O economista Silvio Sales, da Fundação Getulio Vargas (FGV), está mais otimista. Acredita que os estoques estão adequados ou em baixa e que a reação da indústria automobilística tende a chegar a outros setores:
- O efeito encadeador dessa indústria (automobilística) é grande. É difícil que tenhamos outro salto da produção em agosto, mas deve crescer seu efeito no restante da indústria.
Mesmo com essa reação, a quantidade produzida ainda se encontra 5,2% abaixo do patamar recorde de maio do ano passado. E nem a metade dos setores acompanhados pelo IBGE conseguiu expandir produção em julho: foram 12 setores em alta de um total de 27 pesquisados.
A boa notícia veio nos bens de capital, aqueles voltados para aumentar a capacidade produtiva do país, em que houve alta de 1%:
- O setor vem numa sequência de crescimento - diz Sales.
O economista da FGV acredita que a reação mais vigorosa virá no último trimestre do ano. Mesmo mais otimista, ele não vê condições de a indústria aumentar a produção este ano.
- A indústria está um pouco mais confiante, o que deve repercutir no fim do ano.